sábado, 14 de janeiro de 2012

Coluna 83 - publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 31AGO2011

A propósito: quem disse que queremos que o Brasil seja como a Alemanha, ou que vivamos como os Deutsche?



IGUALDADE é levar em conta as desigualdades dos desiguais. Só assim estaremos sendo justos. Tantas são as situações em que a sociedade é tentada a estabelecer comparações e em igual dimensão ocorre o equívoco em tais cotações. Olhar com foco azul o que é vermelho decididamente distorcerá a cena. Desejar que alguém com renda apenas para a satisfação das necessidades da base da Pirâmide de Maslow atente para as necessidades sociais ou de auto-estima, ainda que isto seja desejável, é uma utopia.
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Esta é também uma observação útil para o debate que se está travando em torno do número de vereadores de um município. É legítimo que os cidadãos opinem sobre se a Câmara de sua terra tem vereadores de mais ou de menos. No entanto, devem fazê-lo tendo em vista a realidade de sua terra, sem comparações com os vizinhos. Agudenses, franciscanos, paraisenses e restinguenses têm, decerto, percepções diferentes com relação à colenda casa de suas comunas. Agudo tem 9 vereadores, 16.716 habitantes e 13.001 eleitores. Dona Francisca tem 9 vereadores 3.396 habitantes e 3.063 eleitores. Paraíso do Sul tem 7.330 habitantes, 6.062 eleitores e também 9 vereadores. Já Restinga Sêca tem 15.834 habitantes, 13.369 eleitores e, igualmente, 9 vereadores. Comparar a si com quem lhe é parelho será justo. O demais é demagogia e irreal.
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Atrevo-me a imaginar que na semana passada Agudo e Paraíso do Sul foram dissecados e comparados em todas as dimensões. No convívio estabelecido com o intercâmbio entre a Alemanha e esta região, mais de trinta visitantes alemães viveram como hóspedes (Gäste) de hospedeiros (Gastgeber) agudenses e de paraisenses. Pretendendo agradar e demonstrar o que de bom, de bonito e que funciona deviam ver, os visitantes foram levados a conhecer lugares e estruturas locais. Evidentemente que Brasil e Alemanha são diferentes. Evidente que os espaços públicos e privados no Brasil tem a estrutura que o amadurecimento e a evolução dos povos permite, e que são muito diferentes aos da Alemanha. Temos recém 500 anos de crescimento econômico, enquanto que o centro da Europa, onde se situa aquela nação, mede sua fundação já em milênios. Será vã e desprovido de lógica pretender que aqui as coisas sejam como lá. Ademais, os alemães sabem disso e respeitam isso. Eles têm clareza de que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer e que,virtualmente, aqui as coisas serão diferentes, pois somos diferentes. Se nos compararmos par e passo restarão duas conseqüências - ou ficaremos deprimidos ou presunçosos. A propósito: quem disse que queremos que o Brasil seja como a Alemanha, ou que vivamos como os deutsche?
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Lido com esta situação já há mais de trinta anos, pois desde 1978 minha irmã, Silvia, vive na terra de Goethe. Por conta desta situação já nos ocorreu de acolher alemães por temporadas. Sem estresse. Eles devem olhar o Brasil com nossa realidade. E, se forem inteligentes, também o fazem.
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Devemos evoluir? Evidentemente que sim. Mas não nos diminuamos por sermos como somos. E se melhor não nos podemos apresentar, a culpa será também nossa e de mais ninguém.
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Prejuízo para o Rio Grande do Sul representa a transferência da sede administrativa da John Deere de Horizontina para Indaiatuba, São Paulo. Apontando razões de logística – Indaiatuba fica perto do aeroporto de Viracopos, em Campinas – a multinacional que produz colheitadeiras, plantadeiras e tratores para toda a América Latina, começa a pensar seus negócios a partir da região Sudeste. É a sina do garrão do país – ser um estado periférico.
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Paz e Bem.

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