domingo, 3 de fevereiro de 2013

Coluna 152 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 30JAN2013

A morte beijou o coração do Rio Grande

Havia que encontrar uma frase que coubesse no contexto da Tragédia em Santa Maria do dia 27 de janeiro que fosse sensata, razoável, que não ferisse sensibilidade, não fosse mórbida e que ainda carregasse alguma originalidade depois de tanto que já se leu e ouviu, passadas 48 horas do acidente. Traduzi o nome da boate para o português e combinei essa tradução com o patronímico de Santa Maria. O resultado – A MORTE BEIJOU O CORAÇÃO DO RIO GRANDE.
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O mundo vive uma verdadeira catarse. A consternação e a solidariedade estão explícitas no sofrimento e pesar externadas nas lágrimas vertidas e nas preces balbuciadas em credos e línguas tantos.
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É impossível não se emocionar. Não temos antídoto para a comoção. O sentimento nos confronta com a angustia das famílias que pranteiam seus rebentos. A genial escritora gaúcha Marta Medeiros sintetiza bem o que sentimos, quando escreve “Quem não tem filho sofre. Quem tem se arrebenta!” É exatamente isso. Se você tem filhos adolescentes ou pós-adolescentes que poderiam estar lá sabe do que estou falando. Se não tem, não sabe. Nós olhamos nossos filhos como uma extensão nossa. Eles são nossa síntese. Queremos que vivam em plenitude. Torcemos que se encontrem consigo mesmos na realização de seus projetos e no uso dos talentos de que foram dotados no ensaio geral da existência. Nos alegramos quando se divertem. Com vigília nos fazemos amigos de seus amigos para sabê-los melhor. Em síntese eles são nós e nós estamos neles na simbiose divina da criação. Perdê-los não nos passa pela mente. Ainda mais se nos tímpanos ainda ressoa quando pais tão próximos choraram a perda de filhos seus, irmãos nossos, como em 1981, quando o jovem Humberto, irmão da Rosa, foi arrebatado com só quinze anos, e quando em 2000, meus pais perderam o Marcelo, meu irmão camarada. Jovens aqueles, jovens os da boate Kiss. Essa correlação sensibiliza e eu olho para minha filha louvando estar viva. Você faz o mesmo, não?!
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A estupidez da vaidade exibicionista cega os olhos e inibe o bom senso. Como pode a Gurizada Fandangueira lançar mão de artifício incandescente em um meio tão vulnerável? Será que os produtores e integrantes dessa banda musical não mediram o risco do emprego de tais efeitos pirotécnicos para si próprios e para os demais?
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A prisão, ainda que temporária, de músicos, aplaudida sem dúvida é, no entanto, como tranca de ferro em porta arrombada. Quantas vezes fizeram a mesma coisa e foram entusiasticamente aplaudidos? Quanta grana ganharam, valorizados por sua apresentação incluir show de efeitos como o apresentado no palco da boate Kiss? Ninguém viu? Opa, muitos viram e pagaram para correr o risco de acontecer o que no sábado de fato se sucedeu. A festa tinha o sugestivo nome de “Aglomerados”. Ao final se conclui que foram “embretados” ... duzentos e trinta e um para a morte. O que até sábado era apogeu de um ato, agora é um ato execrado.
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E os donos da Kiss? Dois deles terão, ao menos por alguns dias, um alçapão diferente do que montaram, para refletir sobre os efeitos de sua faina pelo lucro à qualquer preço.
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Para todos nós, e principalmente para quem tem a incumbência ou a atividade de administrar espaços partilhados, a Tragédia de Santa Maria causa uma engolida em seco, não raro seguida de soluço bem duradouro.
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Ouvi, Li ou Vi –
Li: Confio a Deus Pai Misericordioso os falecidos e peço ao céu conforto e melhoras para os feridos". Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, apresentando mensagem do Papa Bento XVI às famílias e à comunidade enlutada.
Fui a Santa Maria e a dor que presenciei é indescritível. Falo dessa dor para lembrar a responsabilidade que temos, como poder Executivo, com a nossa população. Temos o compromisso de assegurar que ela (a dor) jamais se repetirá.” Presidenta Dilma Roussef, falando aos Prefeitos na abertura da XVI Marcha, promovida pela CNM
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Paz e Bem.

Coluna 151 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 23JAN2013

A ideia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra

NOVAMENTE NA ROTA – Cumprido o período sabático de duas semanas em que o CA não circulou, retomo minha parte na cúmplice relação semanal de escrever, torcendo que os leitores estejam dispostos a assumir sua parcela lendo as inquietações e as observações que me inspira e desperta a vida e suas nuanças. Encontrei uma fonte muito pertinente a este momento de novamente olhar o horizonte, agora sob o signo de um ano cabalístico para tantos (o ano treze do segundo milênio) – o Filósofo Mário Sérgio Cortella. De suas proposições já me vali em tempos passados quando refleti sobre a incompletude de quem se situa no meio, pois “Deus engolirá os mornos”, lembram?!
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Desejando escrever sobre a atitude de fazer as coisas bem feitas, sou levado a retroceder no tempo para encontrar a raiz da palavra trabalho. Menciona Cortella no livro “Qual é a tua Obra?” (Vozes, 2012) ser trabalho palavra derivada do latim vulgar Tripalium, significando um instrumento de tortura, composto por três paus intercruzados, aposto ao pescoço do condenado. Na evolução do mundo ocidental, com forte impacto do domínio grego-romano nos séculos II a.C até V d.C., trabalhar era sinônimo de sofrimento, imoral, indecente, uma verdadeira  punição. Trabalhava quem era escravo. Esta concepção ainda perdura. Resquícios desta visão são percebidos quando se ouve (ou se diz) “Quando eu parar de trabalhar, vou fazer isto ou aquilo!” Será, então, preciso esperar passar o martírio do trabalho para ser feliz – é o que parece.
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Mas ninguém para completamente de trabalhar. Pode-se sim, depois de certo período, deixar de ter uma dependência do trabalho, por ter-se conseguido cumprir certo tempo de jornada formal de atividade. Mas ninguém deixa de fazer algo. E nesse fazer a pessoa se coloca inteira, seja para continuar existindo (o trabalho como fonte de renda e sustento), seja para ganhar reconhecimento (o trabalho como fator de entrega pessoal em favor de outro ou da comunidade). Esta segunda alusão ao que fazemos remete à expressão ‘labor’, também do latim. Os gregos chamavam de poiesis, com o significado de ‘aquilo que faço, que construo – a minha criação, na qual crio a mim mesmo, ao tempo em que crio o meu mundo.
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A ideia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra. Não mais Tripalium, mas Poiesis. O jardim aparado, o documento lavrado, a lavoura plantada, a casa construída, a tese defendida, a sentença proferida – tudo deve representar a obra de seu autor, nunca uma estafante tarefa cumprida sob grilhões do Tripalium.
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Se o que fazemos tem um sentido, se nossa ação ajuda a criar o mundo em nosso redor, então estamos falando de nossa obra, não de nosso trabalho. Todos os dias, todas as horas devem ser dedicadas ao labor das obras que fazemos e não ao trabalho como um castigo.
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Pretendia emendar ainda um posicionamento sobre os reflexos para a sociedade (e para o protagonista) de uma obra bem feita e obra mal feita. Mas não há mais espaço.
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Ouvi, Li ou Vi –
Li: O carro é o cigarro do futuro. Vai continuar existindo, mas com restrições. Será usado só par o lazer. Será pequeno, elétrico, e você não será o único dono.” Jaime Lerner, legendário ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba, analisando a realidade dos espaços urbanos (Revista Amanhã, Dez2012)
Li: Ser Prefeito é bom, é muito bom. Mas prefeitos que só enxergam problemas ficarão em situação difícil. Se ele se concentrar nos problemas, vai perder a chance de fazer as grandes mudanças.” (idem)
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Paz e Bem.

Coluna 150 - publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 3JAN2013

Valério, você afirmou: “Podem Confiar!” Você mesmo disse: “Governarei para todos e com todos!” Assim desejamos.


Carta para Valério – Inicia-se o governo Valério Trebien. A partir de agora é prá valer. Terminou o confortável e até romântico tempo de espera; tempo em que era bastante esboçar um propósito: “farei assim, deverá ser assim, pretendo que aconteça isto e aquilo...” Agora está chegado o tempo, o brete foi aberto, a campana soou. Os aliados e a oposição cravam o olho. Os movimentos, as atitudes, as palavras, as ações e as omissões passam a ter consequências, pois que saídas do mandatário.
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O que quero, como agudense, do governo Valério? (havia escrito o que querem os agudenses, mas corrigi, pois não sei se todos querem a mesma coisa).
Que seu governo seja decente – Faça com que o governo espelhe e inspire retidão e coerência. Que seu sim seja sim e seu não seja não. Chafurda a imagem do “Meu torrão, meu torrão mais amigo” se houver descompasso entre aquilo que dizemos e proclamamos de nossa terra daquilo que de fato somos e praticamos.
Que seu governo seja amável – O munícipe e quem mais acessar o governo, seja contribuinte ou pedinte, com ou sem razão na proposta, deve notar que está sendo atendido com afeto, com atenção e carinho. Que todos os servidores – os eleitos (na essência os únicos escolhidos pelo povo) tanto quanto os que fazem girar a engrenagem nos cargos efetivos ou designados, respeitem a pessoa, suas circunstâncias e sua individualidade, não no estrito limite comportamental, mas que seja efetivo na diligente, correta e pronta prestação do serviço esperado e possível. No relacionar-se e no cumprir com sua tarefa, que ali haja amabilidade. Afinal, em um regime de liberdade, ninguém é obrigado a estar onde está. Mas se aceita ali estar, deve ali fazer o seu melhor.
Que seu governo conjugue o verbo dialogar – O povo tem muito a dizer e muito quer ouvir. Sem que a autoridade e a responsabilidade final sejam subtraídas, ouvir e falar faz muito bem. O mais excelente meio de ressonância da população é o Legislativo. Os legisladores eleitos (com maior ou menor mérito, isto não importa mais) são os legítimos representantes da população e o que disserem com responsabilidade e seriedade, deve ser levado em conta. O governo pode e deve contar também com os muitos organismos coletivos, chamados Conselhos Municipais. As Audiências Públicas são igualmente formidáveis oportunidades de conversação. Mandadas instalar por ditado de lei ou por iniciativa própria do governante, esta reunião se presta para informar e colher informações. O governo deve aprender a gostar de fazer e a acatar o que for decidido nestas ainda hoje raras reuniões. E, por favor, os ouvidos devem estar abertos a todos. Muito cuidado com o canto da sereia da bajulação. Esta abordagem é perniciosa, pois pode inibir os sentidos de sentir a realidade.
Que o “eu” dê lugar ao “nós” – Repetindo o que já escrevi antes “sem que a autoridade e a responsabilidade final sejam subtraídas”, ser inclusivo será sempre melhor. O “nós” no lugar do “eu” corresponsabiliza, motiva, integra, inclui.
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Valério, você afirmou: “Podem Confiar!” Você mesmo disse: “Governarei para todos e com todos!” Assim desejamos. Torcemos por seu sucesso na jornada.

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Na medida certa devem ser dosadas a razão e a paixão. Para aqueles que neste janeiro assumem tarefas de governo refletir, transcrevo um extrato do que disse o Profeta, quando perguntado sobre a Razão e a Paixão: “Vossa razão e vossa paixão são o leme e as velas da vossa alma navegadora. Se as vossas velas ou o vosso leme estiverem quebrados, podereis apenas ser sacudidos e sem rumo, ou até mesmo ficar presos em uma calmaria no mar interior. Pois a razão, governando sozinha, é uma força que confina; e a paixão, sem cuidado, é uma chama que queima até se destruir. Portanto, deixai que vossa alma exalte vossa razão até a altura da paixão, para que ela possa cantar; e que vossa paixão seja dirigida pela razão, para que vossa paixão possa viver a sua própria ressurreição diária, e como a fênix, ressurja de suas próprias cinzas.” 
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Ouvi, Li ou Vi –
Ouvi, nas palavras ditas em suas últimas declarações, que AriAA cogita em buscar um sexto mandato como Prefeito. Quando? Com a força política que tem, quando quiser.
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Paz e Bem.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Coluna 149 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 26DEZ2012

PROCRASTINAR – Poderia simplificar escrevendo “deixar para a última hora”


PROCRASTINAR – Poderia simplificar escrevendo “deixar para a última hora”. Porém, se o propósito de uma coluna é partilhar informações, usar a expressão mais adequada ao que se quer dizer é uma forma de crescimento mútuo (quem escreve tem que pensar qual a melhor palavra e quem lê se não lembra do significado e tiver curiosidade poderá agregá-la a seu vocabulário). Dos pecados de organização que confesso um é o de, em muitas ocasiões, deixar a água bater no joelho para só então reagir. Tive toda a semana – em tempo pseudamente livre ainda alongado com a emenda do final de semana com o Natal – para escrever esta coluna. Mas às 11h30 desta quarta, 26, soube que teria até às 12h00 para entregar o texto. Negociei (já estou melhor nisso) e ganhei 90 minutos. Encurtando o almoço (ainda há reservas da comilança do natal) me atraquei.
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Como é a última coluna do ano, nela cabe o que escreveu Regina Brett, uma colunista americana. Para celebrar seu envelhecimento – seu hodômetro passou dos 90 anos – compilou lições que a vida lhe ensinou. O prisma com que uma pessoa acostumada à leitura da realidade social e do comportamento humano vê a vida merece ser conhecido. Brindo-me a mim e mais quem me honra com a leitura de algumas dessas lições; podem e certamente farão bem na inexorável avaliação do que fizemos e na assunção de propósitos para o ano ímpar que entra. 1. A vida não é justa, mas ainda é boa. 2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno. 3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém. 4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato. 5. Pague mensalmente seus cartões de crédito. 6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar. 7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho. 8. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário. 9. Quanto a chocolate, é inútil resistir. 10. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente. 11. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem ideia do que é a jornada deles. 12. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele. 13. Tudo pode mudar num piscar de olhos Mas não se preocupe; Deus nunca pisca. 14. Respire fundo. Isso acalma a mente. 15. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte. 16. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais. 17. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta. 18. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa fashion. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial. 19. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo. 20. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo. 21. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você. 22. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?' 23. Sempre escolha a vida. 24. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo. 25. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará. 26. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso. 27. Acredite em milagres. 28. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez. 29. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora. 30. Envelhecer ganha da alternativa “morrer jovem”. 31. Suas crianças têm apenas uma infância. 32. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou. 33. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares. 34. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta. 35. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa. 36. O melhor ainda está por vir. 37. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça. 38. Produza! 39. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.
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Ouvi, Li ou Vi –
Vi a homilia de Bento XVI na Missa do Galo. Farei uma síntese uma próxima coluna. Merece ser conhecida.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Coluna 148 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 19DEZ2012

Atitudes e comportamento que expressem fidelidade, confiança, amor, solidariedade, justiça e respeito (...) estão encravadas no coração e devem ser lidas no olhar.

CONFIAR AINDA É POSSÍVEL? A condenação solicitada pelo Ministério Público Federal para o Vice-Prefeito de Santa Maria, José Haidar Farret, tem um pano de fundo que está passando despercebido, por não compor a peça processual e não lhe alterar o veredito – a atitude de confiar. O santamariense ex-Prefeito, ex-Deputado Estadual e agora vice-Prefeito de Cézar Schirmer, é médico e médico antigo. Sabemos como são os médicos antigos. Eles aliam conhecimento da medicina com psicologia calejada na relação médico-paciente, que facilmente extrapolada para o núcleo familiar. O Dr. Landri, por exemplo, tratou de minhas frieiras de adolescente, receitou os anticoncepcionais para a Rosa, fez o teste positivo para gravidez, acompanhou a gestação e fez o parto da filhota Iolanda, acompanhou o tempo  derradeiro de minha mãe e hoje também assiste a meu pai. Assim é com muitas famílias. Os pacientes confiam no médico e ele confia na família. Pois o Dr. Farret também confiava. Afinal ele cuidava da saúde de uma senhora desde antes de formado, em 1969 e a relação eivada de confidências e cumplicidades tinha tudo para ser inscrita na biografia do renomado seguidor de Hipócrates como mais uma de muitas relações médico-família. Mas qual não foi sua surpresa? Sua boa fé e seu espírito de sempre ajudar o fizeram vítima de uma armação e ele foi induzido a cometer um grave erro, com séria repercussão jurídica e com indelével mácula para sua vida profissional, pessoal e de homem público.
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Uma integrante dessa família – o nome não foi revelado – valendo-se da confiança irrestrita aplicou ao Dr. Farret a lábia de estar conhecida senhora acamada, impossibilitada de deslocar-se. Como necessitava de atestado para acostar ao processo de renovação do benefício previdenciário, solicitou esta prescrição ao seu médico de sempre, que a conhecia muito bem, inclusive a havia consultado ainda há pouco. Era o ano de 2006 e o Dr. Farret, mesmo sabendo que burlava um estatuto médico e agia contra a legalidade e a ética da profissão, confiou e forneceu o documento. Fê-lo sempre que necessário também nos anos de 2007, 2008 e 2009. Portanto, durante quatro anos.
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Esta correto quem pensa que ele não podia ter expedido tais atestados sem jamais ver e examinar a paciente. Se tivesse adotado o protocolo médico, teria percebido já em 2006 que sua paciente havia falecido. Sim, é isto mesmo. O Dr. Farret afirmou, durante quatro anos, que uma mulher já sepultada estava viva. Deve ser condenado? Sim. Afinal, ele cometeu ilícito ao fornecer documento falso, concorrendo para que se perpetrasse logro perante o INSS. Mas e a mulher que durante quatro anos se valeu da confiança do antigo médico da família e dele obteve Atestado de Vida para alguém que sabia morto, com o único propósito de continuar recebendo o benefício previdenciário? Esta mulher não traiu o sagrado sentimento de confiança de um homem que tinha todas as razões para confiar e que confiou sem questionar?!
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As leis que regem a conduta das pessoas na sociedade são claras. Está escrito o que se pode fazer e o que não, e também o preço em pecúnia ou liberdade pela transgressão. Não estão escritas, no entanto, as leis que regram as relações interpessoais. Atitudes e comportamento que expressem fidelidade, confiança, amor, solidariedade, justiça e respeito não estão impressas em papel ou pergaminho, nem entalhadas em tábua ou pedra. Estão encravadas no coração e devem ser lidas no olhar.
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Ouvi, Li ou Vi –
Vi a decoração natalina de Agudo. O encantamento que sentimos ao contemplar a inspiradora obra da equipe da Primeira Dama no coração da cidade, remete a um mundo que ainda guarda lugar para o Cristo Jesus. Que todos nós encontremos, nos momentos natalinos, motivos para dizer da felicidade que sentimos. Desejar Feliz Natal faz bem, mas sentir felicidade pelo Natal é ainda melhor, faz mais gente, mais sinceros ao dizer Feliz Natal! Procuremos o Cristo Jesus dentro de nós e nos alimentemos da fé em sua redenção participando de uma celebração religiosa.
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Paz e Bem.

Coluna 147 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 12DEZ2012

Em algum momento alguém lhe disse que viu ou que conhece alguém que lhe contou ter visto uma luz branca, muito forte

UMA LUZ BRANCA, MUITO FORTE – Você já ouviu esta frase, não?! Pessoalmente ou em programa de TV, em algum momento alguém lhe disse que viu ou que conhece alguém que lhe contou ter visto uma luz branca, muito forte. Na semana passada foi a vez de eu me deparar com tal narrativa. Um amigo em quem acredito me contou que uma mulher que reúne as faculdades para discernir com precisão manifestações sensoriais de ilações da mente lhe relatou a experiência de viver na fronteira entre a vida e a morte. Embora severamente ferida, estava consciente quando seu estado clínico declinou para um irreversível quadro que sugeria morte iminente. Percebendo o limiar da existência, já se encontrava em um lugar muito brando, imanado de luz branca, muito forte. Sua sensação era de que não mais voltaria à dimensão corporal.
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Sua reação ante esta percepção foi negociar. Com a voz da mente reagiu dizendo: eu não quero ir. Eu tenho ainda muito para fazer aqui. Permita que eu ajude ainda muita gente; que eu cumpra com meu projeto.
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Passadas 48 horas o quadro clínico se reverteu e a convalescênça evoluiu para a quase cura (ainda restam sequelas que precisam ser corrigidas). Em dois dias esta mulher saiu do coma e passou a conectar os amigos nas redes sociais.
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Desde o túnel com a forte luz branca para a racional atividade motora e mental. Um testemunho de que o transcende está dentro de cada um de nós.
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Embora contrário ao anonimato, por razões plausíveis e em respeito a individualidade, deixo de mencionar quem são as pessoas envolvidas. Quem sabe um dia – que esperamos seja em breve – esta senhora delibere contar ela mesma a experiência de ter ido até o além (ou perto) e voltado. Eu gostaria muito mesmo de ouvir.
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AGUDO PARA O MUNDO – Nos bastidores da Paleontologia são fortes os rumores, quase confirmações até, de que em março ou abril de 2013 o National Geografhic Chanell produza um documentário internacional sobre os sítios paleontológicos de Agudo e região. O pesquisador Sérgio Cabreira e sua equipe já estariam acertados. Tomara que isto se confirme. A região toda ganha projeção e os fósseis aqui encontrados terão visibilidade e definitivo reconhecimento do meio científico universal.
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OPERAÇÃO “TEIA” – Convidado pelo Delegado Eduardo Flores Machado e pelo investigador Edinardo Cardoso Rodrigues a cooperar na logística da Operação Teia, desencadeada na madrugada de quarta-feira, para desbaratar uma quadrilha que agenciava e vendia CNHs falsas na região, acompanhei a organização das equipes. Nossos polícias são muito preparados para lidar com situações não convencionais. Em menos de dois minutos foram de zero a cem. Do nada saber até os detalhamentos e à pronta ação, pouco tempo, poucas perguntas e nenhuma firula. Pegaram o envelope com os dados e foram à campo. A eficiência da ação foi provada com o ressoar das sirenes das viaturas que traziam os falsários, equipamentos e as Carteiras de Motorista “compradas”. Se isto alegrou? Sim e não. Alegrou que a investigação ocorreu e que foi exitosa a empresa de prender os suspeitos. Lamento, contudo, que esta negociata tenha existido, e que “espertos” agudenses estivessem enredados na teia, levados pela ânsia de ganhar fácil sem trabalhar. Novamente Agudo virou manchete – e não do bem!
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Ouvi, Li ou Vi
Ouvi e Li, a repercussão internacional da morte de Oscar Niemayer, a quem se pode atribuir o epíteto “O arquiteto”. Ele o foi como poucos ou como quase ninguém na era contemporânea. Com o desaparecimento natural do longevo Niemayer, com 104 anos, assevera-se a certeza de que, de fato, apenas Abraão viveu mais. Nossotros (esta palavra é tão pertinente que devia constar no português) vivemos menos.
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Paz e Bem.

Coluna 146 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 5DEZ2012

Dona Jessy, em plena colheita da abundante safra que a vida lhe permitiu plantar, continua semeando.


DONA JESSY AGE, PENSA E DIZ – Existem pessoas dotadas de magnetismo pessoal impressionante. Quando falam são ouvidas. Se suas palavras expressam coerência, sensibilidade e coragem, e se forem lastreadas em realizações, derrubam quartéis. Jessy Berger é uma pessoa assim. Genial, sensível, cordial, amável, reta, sincera e corajosa, Dona Jessy – assim a conhecemos – em plena colheita da abundante safra que a vida lhe permitiu plantar, continua semeando. Colhe em vida o reconhecimento por sua dedicação em fazer melhor a vida de tanta gente. E o faz com humildade, elegância (na ampla concepção do termo) e grandeza, sabendo exatamente o papel que desempenha: é a continuidade de sua entrega como a primeira Primeira Dama de Agudo – a terra que adotou para amar e viver. Suas ações e exemplos iluminam o caminho de pessoas e entidades, às quais se dedica com profundo amor, tendo consciência de que, como formadora de opinião e inspiradora, o que faz e diz é amplificado.
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Na semana passada mais uma vez surpreendeu. Convidada a contar a sua história, no Acontecências especial das quintas – genial produção do comunicador Sérgio Téssele, Dona Jessy desfilou fatos que nos fizeram ainda mais convictos de algo que já suspeitávamos: seu marido, Aldo Berger – o primeiro Prefeito e líder da emancipação – foi um grande líder porque Deus lhe deu como conselheira e esposa amada esta destemida jovem santacruzense que topou a parada, resignando-se ao papel coadjuvante, quando era, tanta vezes, a protagonista, fosse no campo das ideias ou até na articulação das ações. Não há nisso nenhuma surpresa. Que é muito benquista, que é generosa, que é ativa nos grupos de que participa – e que por isso é benemerente, não traduz novidade. O que então? Sua opinião e seus anseios sobre nós todos e sobre nossa comunidade.
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Perguntada sobre Agudo do futuro, era de se esperar que dissesse que esta terra tem tudo, que aqui dos cerros brotam leite e mel. Afinal, quem tanto fez, podia achar que sua obra estava acabada e perfeita. Mas que nada! Disse um sonoro: ainda falta muito para Agudo! Uma resposta que não deixa dúvidas. Uma maratonista está a nos dizer: peguem o bastão e façam algo! Eu corro junto, mas vocês se mexam, seus molóides! Escore – 1 x 0 (e alguns adversários já mostrando fadiga)
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Em Agudo algo existe que não lhe agrada? Dona Jessy poderia, em sua já provecta idade, contemporizar e dizer que tudo está bem, que o povo é ordeiro, religioso e tal e tal. Mas de novo mostrou coerência com o que é ou está bom e o que podia ser melhor e foi contundente: Eu acho que Agudo merece uma nova Estação Rodoviária. Eu me envergonho de nossa Estação Rodoviária. Toma! Todos percebem, reclamam pelos cantos, imprecam mil “elogios” para aquela estrutura concedida pelo governo, mas na hora H desaparecem os políticos, os tribunos (até os escribas), escondidos por detrás do cômodo escudo da omissão. É preciso que uma senhora que dificilmente se utiliza desse edifício, sensível e afável, assuma a voz da coletividade. Escore – 2 x 0 (já começam a aparecer câimbras nos atletas do outro lado)
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Mencione um desejo seu que gostaria que se realizasse, perguntou-lhe Sérgio Téssele. Quero muito estar viva para participar da inauguração do novo prédio da Câmara Municipal. Pasmei. Jessy Berger, uma mulher que conhece o couro e o correame, que sabe o que é relevante e o que é relativo, que sabe medir com as medidas da justiça e do coração, reconhece que o novo prédio da Câmara Municipal é, para Agudo, uma conquista a ser festejada. Sem mais palavras. Escore – 3 x 0 (e a metade do time adversário no chão, pedindo água)
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Ouvi, Li ou Vi
Vi, as manchetes da região e do Estado destacarem a crônica policial de Agudo onde mais um crime se perpetrou, chamuscando a imagem de Agudo e produzindo estatísticas que afetam o índice da qualidade de vida do Torrão Amigo.
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Paz e Bem.