domingo, 29 de janeiro de 2012

Coluna 99 - publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 21DEZ2011

Para ser fiel ao que penso hoje, já tendo vivido alguns tantos natais, teria que fazer uma contabilidade com as devidas correções de atualização e depreciações. Só assim talvez consiga fugir do rótulo comum de atribuir à data tudo de bom

NATAL – Se ocorrer de alguém perguntar o que é bonito no Natal teria que pensar. Para ser fiel ao que penso hoje, já tendo vivido alguns tantos natais, teria que fazer uma contabilidade com as devidas correções de atualização e depreciações. Só assim talvez consiga fugir do rótulo comum de atribuir à data tudo de bom, que nela as imperfeições são apagadas, que a partir dela o mundo é perfeito e ninguém mais sofre, e blábláblá... É natal! Feliz Natal! Basta dizer isto, mesmo que nada sinta, mesmo que não mova o minguinho sequer para fazer melhor e ser melhor. Feliz Natal passa a ser a fórmula mágica que tudo transforma. Não é assim. O natal por si só nada faz, é um dia como os outros, com dia para estar acordado e noite par dormir (tomara que no dia 25 já tenha chovido ou esteja chovendo – seria o presente esperado por tantos). Eu é que posso fazer no natal e do natal um tempo de passagem para uma situação mais iluminada, mais inspirada, mas santa. Eu é que posso tirar lições das emoções que vivencio, das mensagens e dos abraços que recebo – e que dou. Eu posso mudar no natal e por causa do natal. Eu devo me olhar no espelho e ver o que meus olhos denunciam – espero o Cristo renascido ou o Papai Noel.
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Na contabilidade dos natais depreciaria algumas atitudes fruto de momentos em que, sugestionado, sucumbi à mídia e ao que “todo mundo” estava fazendo. Depreciaria os votos de Feliz Natal que pronunciei no piloto automático, sem sentimento, sem ter amado com devia, sem ter perdoado como devia. Depreciaria os natais em que mais me preocupei com o que comer e com o que dar de presente, do que com o preparar o espírito para saudar e proclamar-me seguidor dos ensinamentos do Cristo aniversariante.
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Na contabilidade dos natais atualizaria e aplicaria ainda uma boa correção de valores nos encontros de família, quando ela era numerosa, quando todos estavam aí e juntos riamos e nos alegrávamos. Atualizaria, para valer ainda mais, o olhar de alegria da filhota quando, de volta da Missa do Galo na Matriz, encontrava um presente – novo ou não. Corrigiria os valores – pois sinto não serem mais os mesmos – dos esforços coletivos para preparar as belas celebrações e os inspirados e admirados presépios temáticos na Matriz. Colocaria o fermento que atualizasse o valor dos Weihnachtscracker (bolachas de natal), menos até pelo sabor, que nunca me atraiu muito, mas pelo ritual de mães, avós, fornos, formas, lenha, aventais, calor, massa, cheiro de baunilha e manteiga, tudo junto para cumprir a tradição do natal.
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Você pode estar a achar que não tenho alegrias no natal! Tenho-as, e são muitas. Entusiasma ver a motivação da Rosa em preparar a recepção, que ela já trata que seja tradição, depois da Missa da Matriz, quando a casa se enche de gente querida, animada, sem pressa – é bom estar junto. É bom sentir o entusiasmo do casal Fábio/Iolanda suando na instalação das luzes – cada ano algumas mais. Faz bem aos olhos e ao sentimento ver a cidade enfeitada, cada ano mais bela, cada ano diferente. Faz bem poder participar das confraternizações e nelas poder sentir alegria fraterna, amor incondicional.
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Façamos o Natal ser feliz sendo felizes e alegres neste Natal! Sintamos a alegria que Maria sentiu ao lhe ser anunciado que fora escolhida para ser o primeiro lar, o primeiro templo do Messias Salvador. O anjo disse “Alegra-te, rejubila, ó cheia de graça. O Senhor está contigo!” Ele não trouxe alegria de fora para dentro. Ele desejou que a Mão do Redentor sentisse alegria interna, pessoal. É isso! O Natal é alegria e felicidade do coração. Nada pode substituir este sentimento! Bem, havendo condições, a partilha de um presente alimenta sentimentos humanos de afeição, que também fazem bem.

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Sem mais palavras, no meio do turbilhão da vida, lhes desejo... Paz e Bem e Feliz Natal!

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