domingo, 29 de janeiro de 2012

Coluna 93 - publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 9NOV2011

O gorjeio ou o chilrear do passaredo é uma aquarela de sons a colorir os ares em sinfonia que atrevidas gargantas executam na hora de acordar, levantar e dar ode à vida que se renova em cada manhã.

PRIMAVERA AGRADÁVEL E INSPIRADORA esta de 2011. Ela nos atravessa a vida com temperaturas amenas, matizes coloridas na relva, nos jardins, nas paragens. Está, de fato, uma bela estação. Os pássaros nela se reencontram e enchem os ninhos de famintos bicos abertos. O gorjeio ou o chilrear do passaredo (sim, sei que melhor seria escrever simplesmente o canto do passaredo, mas eu quis complicar mesmo) é uma aquarela de sons a colorir os ares em sinfonia que atrevidas gargantas executam debochando de quem não sabe cantar – nem bem assoviar – na hora de acordar, levantar e dar ode à vida que se renova em cada manhã. Assim é a primavera deste ano, a estação que inspira poesia.
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A observação da singularidade da estação do equinócio de setembro no hemisfério Sul vai além do que a visão, a audição e o olfato nos oferecem à percepção, atingindo gente que, já tendo encontrado a sua outra metade da maçã se dispõem, ainda, ao solene matrimônio.
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Trago hoje à partilha peculiaridades de alguns casamentos que encontrarão o altar nesta primavera – e que, torço, durem para sempre. Por afetividade e relacionamento, como convidado ou observador, acabo por saber de detalhes que dizem da singularidade destas festas.
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Um convite houve que imitou a capa de um jornal, com a manchete devida, onde os noivos foram estampados em caricatura, o namoro foi relatado em reportagens e o convite como anúncio.
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Um convite circulou que, pela originalidade da cultura do povo onde foi confeccionado, chamou a atenção das autoridades, ficando retido por alguns dias na Receita Federal. Só depois de provar que aquilo não tinha lá dentro não era aquilo os de farda pensavam, tratando-se apenas de um inofensivo e aguardado convite de casamento, é que pode ser distribuído.
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Um casamento desta primavera será muito especial para convidados não acostumados a necessários esquemas de segurança: junto com o convite um cartão com código de barras – passaporte para acessar os ambientes em que será festejado.
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Uma festa primaveril exigiu a restauração de um ambiente familiar de bela memória para quem tem mais de quarenta. Na decoração serão aproveitados adornos confeccionados com material reciclado, por talentoso artesão da comunidade. Bom gosto não precisa ser caro.
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Não posso ir; posso repassar o convite? Diálogo que teria sido dado, em tentativa de terceirizar a afeição do convite. Tudo é possível. Difícil é identificar a madeira: será cara de angico, da canjerana ou de álamo.
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Para os nubentes desta primavera e para todos os que ousaram comprometer-se mutuamente e zelam por seu matrimônio, votos fortes de que o casal continue sendo promessa ao construir a felicidade; que sejam um para o outro, manhã de primavera, não de outono; que continuem sendo sorriso, não deixando que prevaleça uma amarga seriedade; que sejam ...sempre esperança; ...chuva fresca, não torrente de mau humor e egoísmo; ...fonte de água a saciar a sede, para que não haja vontade de buscar água alheia. Que na constância da vida a dois haja fogo que aqueça, não frio que congela; que um para o outro seja violão de alegria a cantar a vida, ainda que haja noites de dor; que continuem sendo horizontes um para o outro, para que novos horizontes não sejam desejados.
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Sem mais palavras, no meio do turbilhão da vida, lhes desejo, mais uma vez e sempre Paz e Bem!

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