domingo, 2 de janeiro de 2011

Coluna 46 - Publicada no Jornal Correio Agudense - Edição de 15DEZ2010


Será seguro trafegar nas ruas se todos cooperarem
CENAS DE TRÂNSITO – Será seguro trafegar nas ruas se todos cooperarem. A cena que descrevo é uma mistura de ingenuidade, nonsense, irresponsabilidade e irreverência. Segunda-feira, dia 13, meia tarde, duas senhoras que presumo fossem irmãs, pois eram muito parecidas, se encontraram em via pública e se puseram a conversar. Bem trajadas, uma usava, garbosa (que palavra mais antiga), um vistoso chapéu trançado de tiras plásticas – dizia-se antigamente que era um chapéu de matéria – cor-de-rosa, para combinar com o traje e, claro, para proteger do sol; a outra deixava o sol lhe iluminar o rosto e o sorriso, reação das confidências. Nada demais; à ninguém é vetado encontrar-se em público. Mas – e tem um mas – atentem para o espaço em que se deus o encontro – o meio, eu disse o meio, da Rua Marechal Floriano, bem na esquina com a Concórdia, entre o Bar do Gordo e o Fórum. No meio da rua, sobre a faixa de segurança (quem saber por isso se sentissem seguras! Oitenta metros antes as vi, por elas passei, vinte, quarenta, setenta metros depois, elas continuavam conversando no meio da rua, em uma esquina movimentada da cidade. E o trânsito? Bem os motoristas manobravam contornando as estátuas vivas instaladas, cuidando para não buzinar e interromper a conversa de comadre, ou de irmãs. Observei a cena por bons quatro minutos e elas lá, bla-bla-bla; ja-ja; nein, nein; Oh, Got! Tão absortas, sequer tinham noção ou se importaram com o risco que corriam e a confusão no trânsito que causava a indolente posição de assuntar no meio de uma esquina. Tirando o romantismo e a licenciosidade que a dignidade das senhoras impõe, foi uma irresponsabilidade! Você pode perguntar-se: por que você, percebendo a situação não lhes chamou a atenção? Sim, concordo e me arrependo de não tê-las abordado e sugerido que conversassem na calçada do Fórum e do MP, onde havia sombra e onde estariam, seguras. Esta cena, real e dada ao sol claro de uma segunda-feira, demonstra como alguns pedestres se comportam nas vias públicas. Pensam serem donos. E, quando acontecem os acidentes a culpa sempre será do motorista. Tudo deve ter terminado bem, cada uma tomou chimarrão em sua casa e contou para a família do encontro e das novidades. Lamentaria demais e sentiria remorso se estas senhoras tivessem sido atropeladas. Seria mais um fato repercutindo nas estatísticas da chacina do trânsito.
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UM FATO EM DUAS SITUAÇÕES – O FATO: dois casais, um com criança o outro sem, se encontram. A noite está agradável, o evento foi curto, era cedo ainda e ninguém ainda jantou! SITUAÇÃO 1 – Estamos em meados dos anos oitenta – provavelmente a proposta seria: vamos lá em casa fazer um carreteiro? É rápido e conversamos à vontade. A despesa não seria maior do que 15 ou 20 reais, suportada por quem convidou; SITUAÇÃO 2 – Estamos em 2010 – o diálogo foi o seguinte: vamos à Pastel & Cia. comer pizza? Gostoso, agradável, com qualidade e bom serviço da casa. A despesa, somando tudo, 48 reais.
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Novos tempos, novos costumes. Muito carboidrato, condimentos, sabores e temperos e, chamo a atenção: não houve consumo de arroz. Constatação que as estatísticas vem apontando já há muito.
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A IMAGEM – É apenas mais uma gravura da Família Sagrada, que motiva o Advento e o Natal? Sim, mais uma gravura da Família Sagrada. No entanto a candura está na cena e na forma como o original foi pintado. Kyriacos Kyriacos pintou esta cena com a boca. Ele integra o grupo Pintores com a Boca e os Pés, criado em 1956, em São Paulo e cada vez mais ativo. Recebo seus cartões já há anos. Tenho particular admiração e emoção ao ver que o limite existe para ser superado. O que eu, com mãos e pés perfeitos, sequer cogito existe quem faça com a boca. Na próxima coluna publico outro que, penso, seja ainda mais lindo. Para ver mais é só acessar www.apbp.com.br
Paz e Bem

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