sábado, 29 de janeiro de 2011

Coluna 51 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 18JAN2011



Será sensacionalismo valer-se das dramáticas cenas de Nova Friburgo para chamar a atenção para as área de risco de Agudo?


O RIO NÃO QUERIA ESTE JANEIRO – O Brasil está em estado de choque, compungido pelo que se passa na região serrana do Rio de Janeiro e também em Minas Gerais. Qualquer referência que se fizer estará desatualizada, pois que a todo momento novos pontos de destruição são encontrados. Quantos mortos terão sido confirmados na manhã desta quarta-feira? Setecentos ou mais, com certeza. Nada mais trágico do que contar vidas que se perdem em acidentes ou catástrofes como esta que irrompeu na semana passada no sudeste brasileiro. No entanto é pungente em mesma medida, a vida perdida por quem não morreu, mas que nada mais de seu tem. Os lugares em que viveu suas emoções, onde passeou, onde amou. A rua por onde passava para ir trabalhar, para ir à missa, por onde vinha com o presente para os filhos, com os víveres para a família. A praça, a igreja, a paisagem que os olhos emolduraram qual quadro de parede, tudo se foi, tudo mudou. O chão, o teto, a casa. Para tantos, esta é também uma morte e em vida.
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Deixando de lado esta narrativa melodramática, valho-me do que escreveu o genial Luiz Fernando Veríssimo, no início desta semana. Mesmo dando margem ao imprevisto, às chuvas em excesso, não entende LFV por que depois de milhões de anos de chuva sobre a terra, esta ainda pegue o homem de surpresa. Confessa-se desconfortável com a negligência das autoridades responsáveis por tragédias. Assim como não se pode morar nas encostas de vulcões, mesmo que dormentes, temendo uma erupção que pode nunca acontecer, assim os governos deveriam agir para que em regiões vulneráveis e com risco de desabamento não houvesse ocupação humana, adverte o escritor, músico e dramaturgo gaúcho. Faço eco de sua palavras.
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SERÁ SENSACIONALISMO valer-se do drama e caos de Nova Friburgo para chamar a atenção para as áreas de risco de Agudo? Penso que não. Em boa hora está na ordem do dia das autoridades do Município o debate sobre a relocação da população que ocupa áreas consideradas vulneráveis. As imagens que correm o mundo são didáticas para nossa gente. Não queremos que tais fatos ocorram aqui; tampouco os friburguenses os almejaram. Entretanto, poderemos nos considerar melhor preparados apenas quando ninguém estiver ameaçado de ser atingido, caso o imprevisível ocorra. Será de uma brutal insensatez ter que admitir, ante um fato do gênero, que nada tenha sido feito para prevenir ou evitar os fatos e suas consequências. Agudo já dispõe de mapeamento das áreas que deveriam ter reduzida a interferência humana, de modo a que o ecossistema se possa recompor e que o homem não se veja exposto a situações como as que, com tanta tristeza assistimos e lamentamos.
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MINISTÉRIO PÚBLICO – O MP deverá ter seu edifício-sede próprio e em área bem próxima do futuro Fórum. O Município está negociando com o Sindicato Rural Categoria Empregador, a devolução do terreno de 405 m² que recebeu em doação, em 1986, que está subutilizado, comportando apenas o prédio sede, de pouco mais de 70 m². Saindo o Sindicato e relocando-se a Brizoleta que abriga o Conselho Tutelar, terá o Município uma excelente área para barganhar com o MP, afim de receber mais uma obra pública.
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Um dia, caminhando pela Theodoro Woldt, medi à passo a área e disse para o Prefeito Ari – esta é a área que o Município deve destinar ao MP. Negocie e o senhor estará valorizando ainda mais sua cidade. Pelo visto assim acontecerá.
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MONÓLITO – Um monólito pode ser da casa o alicerce, o esteio ou um degrau; para o déspota pode ser pedestal da arrogância e dominação. Pode também ser a bíblica pedra angular, rejeitada pelo pedreiro e resgatada pelo Filho de Deus. O monólito é criação divina, que mesclou a química dos elementos, conferindo-lhe solidez, dureza, beleza. Alumiado pelo sol, espiado pela lua que, romântica, faz sobra de sua silhueta; a chuva lhe refresca e banha. Monólito – inteiro és pedra; guias, assinalas, sustentas. Quando Deus, pelas mãos do escultor, te desbasta, de ti sai o que escondias. Dás vida, para que a vida não seja esquecida.
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Paz e Bem

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