sábado, 29 de janeiro de 2011

Coluna 52 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 26JAN2011

Acumular sentimentos, viver do que já se foi é reduzir-se, é limitar a capacidade de renovar-se (...)

TUDO PASSA – D. Hélio Rubert, Bispo da Diocese (em breve Arquidiocese) de Santa Maria, refletiu, em sua crônica semanal, sobre a lenda de um rei que, atormentado por suas angustias, caminhava pelo reino, quando um casebre lhe chamou a atenção. O camponês residente o recebeu com alegria, ofereceu-lhe água, e convidou-o a entrar. Casa humilde - em contraste com a opulência do palácio – , tudo muito simples e muito limpo. Água pura e fresca. O olhar e a expressão do homem inspiravam serenidade, alegria e paz. Perguntou-lhe o rei com conseguia ser feliz naquele lugar tão distante de tudo e vivendo em tamanha simplicidade. O camponês contou que no passado fora alfaiate, tivera posses e muito dinheiro. Perdeu tudo no ataque de um rei poderoso. Foi obrigado a mendigar para comer. Andarilho, encontrou este que passou a chamar de "pedacinho do céu". Mostrou ao rei, uma tabuleta onde gravara a frase de sua vida, que lhe permitira superar a si próprio e a todas as adversidades. Em madeira tosca, escrito à carvão lia-se: "Tudo passa!"
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O rei, que encomendara a seus assessores uma frase para o novo brasão do reino, viu que esta era a frase lapidar. Tudo passa!
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NESTE TEMPO de férias, de verão, de começo de ano, quando a realidade é medida com olhos distanciados, mirando a vida e o ano que passou e, também, a vida e o ano que está à frente, esta frase deve ornar o pedacinho do céu de cada um, ajudando a renovar, a compreender, a viver melhor.
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A infância, com a pureza, ingenuidade, curiosidade e tudo o que lhe é próprio – a primeira professora, os amiguinhos, o balanço preso ao cinamomo donde se caia sem se machucar. … Tudo passa!
A adolescência, com as aventuras, as incertezas, os amores e desamores. As realizações e as frustrações. … Tudo passa!
Grandes alegrias; as realizações tidas como imorredouras; as dores que doeram tanto a ponto de quase consumir o sofredor... Tudo passa!
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Os sentimentos como se apresentam ao momento também passam. A paixão, como impetuoso fervor, também passa - vira amor ou se desencanta. O perdão é bálsamo, faz passar o rancor! A mão estendida faz ruir a pirâmide do ódio. O afeto acarinha e reaproxima o sozinho.
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Tudo passa! Passa o nascer dos filhos. Passa a valsa dos 15 anos da filha, o primeiro gol do filho. Um dia os filhos partem: quando vão para sua jornada, cumprem sua missão – nasceram de Deus, através dos pais, para o mundo; quando abruptamente são ceifados, sua missão já foi cumprida. Instala-se um vazio, mas... Tudo passa!
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A seca frustra a safra? O mercado não paga bem pelo fruto do suor? Sobra mês e falta salário ou falta salário pois falta trabalho? O governo não é/foi bom? O vestibular foi difícil? A curva foi muito acentuada e não foi vencida? Os padrões de conduta foram neglicenciados? Estas situações são muito reais para tantos. No entanto tenha-se consciência... Tudo passa!
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TUDO PASSA! E é bom que assim seja! Acumular sentimentos, viver do que já se foi é reduzir-se, é limitar a capacidade de renovar-se e, nesta renovação, despertar para o ser melhor, mais íntegro, mais capaz, mais humano e mais irmão que existe dentro de cada um.
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A mente substitui pensamentos. O que passou passou. A cada um é reservado viver plenamente a sua vida que é, neste plano, única, e deve ser dignificada com as crenças, convicções e atitudes de seu entendimento, sabendo que destas prestará contas, sobretudo, a si mesmo.
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Paz e Bem.

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