segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Coluna 135 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 19SET2012

O gauchismo como elemento psicológico que vincula o povo ao território, aos usos e costumes, à cultura e aos valores morais entranhados, é salutar

DIA DO GAÚCHO – Amanhã é 20 de setembro, Dia do Gaúcho, que que desperta uma quase catarse no sentimento dos nativos desta porção de Brasil, estejam onde estiverem – e, também, de alguns forasteiros aqui aquerenciados. O gauchismo como elemento psicológico que vincula o povo ao território, aos usos e costumes, à cultura e aos valores morais entranhados, é salutar. O ufanismo exacerbado, que se instala feito uma catarata à impedir visão da realidade, este é pernicioso, pois mascara, na fachada de um orgulho (muitas vezes até desprovido de causa), a incapacidade de perceber que existe mundo para além do Chui, dos Rios Uruguai e Mampituba e do Atlântico.
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Na coluna que foi publicada na Semana Farroupilha do ano passado transcrevi trechos da lendária poesia Eis o Homem, de Marco Aurélio Campos, minha poesia preferida (tivesse eu dom para declamar, ela estaria em todos os palcos onde fosse convidado, para destronar o fanfarrão Bochincho). Neste ano apresento partes do poema Gaúcho e Colono, do autor do Bochincho – Jaime Caetano Braun. Este poema ganha especial valor e significado se ouvido na voz da bela prenda agudense Diana Milena Goltz que, atendendo um pedido de última hora, decorou as onze oitavas em uma semana, para brindar ouvidos atentos com a mensagem que entrelaça os que aqui estavam com os que para cá vieram. Falta espaço para todo o poema. Seguem, por critério de achismo, aos versos onde está mais explícita a mensagem que encerra o poema do imortal pajador dos pampas, também descendente de germânicos.
GAÚCHO E COLONO
Mais de cem anos já faz / Que num arranco pujante, / Chegou da Europa distante / Um vulto cheio de entono.
Que vinha também ser dono, / Da nossa querência eterna. / E o guasca boleava a perna / Pra receber o colono.
Desde então entreverados / Dentro dos mesmos cenários / Os dois vultos legendários / Do pago continentino. / Entoaram o mesmo hino / De fulgente trajetória, / E se embretaram na história, / Traçando o mesmo destino!
E ao longo dos territórios / Que o gaúcho conquistava, Vinha o colono e plantava / Seus roçados e tapumes.
Copiou do guasca, os costumes, /As lendas e as diversões. / E até mesmo as tradições, / Guardadas cheias de ciúmes! (...)
Foi o toque generoso / Desse sangue de além-mar, / Que veio fortificar / A raça, que então nascia. / Dando a têmpera bravia / Padrão de força e virtude. / Dessa fusão semi-rude / Que despertou nossa cria!
Santo e bendito milagre. / Caldeado ao frio do Minuano, / Filho do guasca pampeano, / Filho da Itália e Alemanha, / Entremeados na Campanha. / Tão gaúcho, um como o outro, / Tamanco  e bota-de-potro, / Na valsa e na meia-canha. (...)
Qual dos dois é mais gaúcho? / Qual dos dois é mais Rio Grande? / Se o peito de ambos se expande, / No mesmo sagrado anseio? Já não é mais o que veio. / Já não é mais o que havia. / Rio Grande hoje é a sintonia, / Da lavoura e do rodeio.
Pois, se o guasca evoluiu, / Para chegar ao atual. / A velha fibra imortal, / Pelas épocas perpassa. / E o Rio Grande se entrelaça / Nesses dois tentos torcidos, / Que vieram, depois de unidos, / Formar o sovéu da raça.
Eu te bendigo colono, / Desbravador primitivo. / Não como filho adotivo / Deste chão, santo e eterno. / Mas como anseio fraterno, / Do velho pago bagual, / Que em troca de amor filial / Te deu o amor paterno!
Por isso, como patrício, / Riograndense, antes de tudo. / Querido irmão, te saúdo / Corcoveando de emoção. / Pedaço do meu rincão / Que estreito num abraço forte, / Porque és também um suporte / Da gaúcha tradição.
 
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Li, ouvi ou vi...
Vi, contrariado, que a obra do Largo Aldo Berger parou já antes da metade (previ isto em 22 de agosto, torcendo para não ter razão). Parece que algumas obras públicas emperram mesmo. Será que foi encontrado algum batráquio ali enterrado e que deitou urucubaca por cima das partes que contrataram a obra? Como cidadão assumo a condição de observador atento. Quero o melhor acabamento  para este aconchegante espaço público (se a funcionalidade não foi discutida, ao menos que fique bonito). O Largo Aldo Berger merece atenção e os munícipes respeito.
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Paz e Bem!

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