Que a saúde se difunda sobre a terra (Eclo 38,8)
QUARESMA – Ontem foi Quarta-feira de Cinzas, terminou o Carnaval e se iniciou, para os cristãos, a Quaresma. A quaresma é o caminho que leva os cristãos ao encontro do Crucificado-ressuscitado. Caminho, porque processo existencial, mudança de vida, transformação da pessoa que recebeu a graça de ser discípulo-missionário. A oração, o jejum e a esmola indicam o processo de abertura necessária para os Filhos de Deus serem tocados pela grandeza da vida nova que nasce da cruz e da ressurreição. Atingidos por Ele e transformados n’Ele, os cristãos percebem que todas as realidades devem ser transformadas, para que todas as pessoas possam ter a vida plena do Reino.
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Neste tempo ideal de 40 dias, que antecede a Páscoa, Igreja Católica convida as pessoas de boa vontade para refletir sobre questões relevantes da vida e oferece subsídios para a abordagem madura, eficaz e responsável do tema proposto a cada ano. É a Campanha da Fraternidade. É precioso meio para a evangelização, retomando a pregação dos profetas, confirmada por Cristo, segundo a qual, a verdadeira penitência que agrada a Deus é repartir o pão com quem tem fome, dar de vestir ao maltrapilho, libertar os oprimidos, promover a todos. Em 2012 a reflexão se dá sobre a “Fraternidade e a Saúde Pública”, com o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra (Eclo 38,8).
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Desejando contribuir para uma tomada de consciência e atitude e por também me sentir desconfortável com a situação e da saúde pública no país e desejar melhorias, apresento trechos extraídos do documento elaborado pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, para embasar a abordagem. Ao partilhar estes extratos do Texto Base da CF2012 abro mão da reflexão pessoal e original, na certeza de ganho para a coluna e quem a lê.
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(22) Se é dever do Estado promover a saúde por meio de ações preventivas e oferecer um sistema de tratamento eficaz e digno a toda população, especialmente aos mais desprovidos de recursos, é, também, responsabilidade de cada família e cidadão assumir um estilo de viver que, por meio de hábitos saudáveis e de exames preventivos, contribua para evitar as doenças. Se cabe ao Estado providenciar toda a assistência médica aos enfermos, cabe à família o acompanhamento dedicado e carinhoso aos seus que adoecem. A família, o Estado e a Igreja têm funções distintas, mas complementares no processo de tratamento de seus membros adoecidos.
(14) ... saúde é afirmação da vida, em suas múltiplas incidências, e um direito fundamental que os Estados devem garantir. (...) “saúde é um processo harmonioso de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual, e não apenas a ausência de doença, processo que capacita o ser humano a cumprir a missão que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a condição de vida em que se encontre”
(65) ... é possível extrair 5 temas preocupantes para a saúde atualmente: doenças crônicas não transmissíveis (doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, cânceres, doenças renais crônicas e outras); doenças transmissíveis (AIDS, tuberculose, hanseníase, influenzae ou gripe, dengue e outras); fatores comportamentais de risco modificáveis (tabagismo, dislipidemias por consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal, obesidade, ingestão insuficiente de frutas e hortaliças, inatividade física e sedentarismo); dependência química e uso crescente e disseminado de drogas lícitas e ilícitas (álcool, crack, oxi e outras); causas externas (acidentes e violências).
(134)... as recentes avaliações do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde mostram que, apesar de problemas na qualidade do atendimento, mais da metade das pessoas atendidas pelo SUS ficam satisfeitas. As respostas negativas estão relacionadas ao tempo de espera nas filas, à ansiedade ou à tensão para ser atendido. É o conhecido problema da dificuldade de acesso aos serviços de saúde, de acolhimento e de atendimento no tempo adequado.
(135) Melhorar o atendimento no Sistema Público de Saúde Brasileiro e diminuir as reclamações em relação ao desrespeito e à dignidade humana, frente à vulnerabilidade do sofrimento e da doença, é um grande desafio ainda a ser enfrentado pelas autoridades sanitárias brasileiras.
(137) Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo confortável e acessível a todos.
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A Quaresma (e nela a Campanha da Fraternidade) é tempo de recolhimento e reflexão. O texto básico pode ser obtido na Internet. Sua leitura é recomendável, sobretudo para quem tiver responsabilidades na Saúde Pública.
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Sem mais, em meio ao turbilhão da vida, lhes desejo... Paz e Bem!
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CARPE DIEM!!!