terça-feira, 20 de março de 2012

Coluna 110 - publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 21MAR2011

A reportagem do Fantástico foi muito importante e serviu para soprar a cinza que cobre a brasa acesa da devassidão com o dinheiro público

A corrupção é uma das espécies de cupim que corroem o esteio da gestão pública, mas não é a única. É ignóbil saber que existe; é chocante quando é mostrada, com cara (imagens) e sotaque (diálogos). O programa Fantástico, da Rede Globo, de domingo passado, escancarou um esquema de corrupção e suborno no curso de três processos de licitação no Hospital de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Brasil inteiro ficou sabendo. Absurdo! Ignóbil! (adjetivo que eu usei antes) Vergonhoso! Estas expressões foram e estão sendo usadas a rodo nas redações de jornais e revistas, nos noticiários e nas tribunas do Congresso Nacional, das Assembleias e Câmaras pais á fora. Sim. É absurdo; mancha nossa reputação de Estado emergente com pretensões de subir para o andar de cima (onde assentam as nações desenvolvidas); tem reflexo direto na saúde da população, pois no caso apresentado o dinheiro tentado de ser desviado é da saúde; deve ser combatido! Tem que botar na cadeia! Tudo isto é correto. Qualquer cidadão decente pensa assim e nesta semana está com vontade de chacoalhar pulhas desta espécie, que tentam locupletar-se do tesouro de todos: o orçamento público.
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Mas péraí!! Por que o repórter da Globo pôde se instalar no setor de compras daquela casa de saúde? Quem do hospital imaginava (ou sabia) que ali grassava uma farra com dinheiro público? Como o jornalista ficara sabendo de que naquela unidade pública ocorriam tentativas de negociata? E, quando empossado como pseudo gestor de compras, passou a chamar os empresários corruptos que foram mostrados? Eles nunca tinham negociado com aquele hospital antes? Olha, a sabedoria do interior ensina que raposa não assalta um galinheiro apenas uma vez. Faz o trilho e vai se saciando de penosas noite sim e noite também, até ser pego! Lá já se instituíra uma avenida larga, onde transitavam corruptos e corruptores! E quantos negócios terão sido fechados nas condições propostas? Todos os anteriores gestores de compras daquele hospital, como faziam?
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A reportagem do Fantástico foi importante, servindo para soprar a cinza que cobre a brasa acesa da devassidão com o dinheiro público (onde muitas mãos se queimam), bem como deu munição aos mecanismos de controle e fiscalização do Estado. O Ministério Público Federal, a Controladoria Geral da União, o TCU, Senadores, Deputados, OAB entre outros órgãos já se manifestaram, admitindo que um repórter investigativo foi capaz de fazer mais do que auditores, programas de computador e mandatos eletivos ou outorgados somados. Palmas para a imprensa (desde que livre)!
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Queria receber o outono com o pátio arrumado, mas não deu. Como é complicado ver o que deve ser feito e não poder fazer! O gramado mais parece um potreiro sem gado. O barranco da testada da rodovia está um capoeirão. É igual a não aparar o cabelo e a barba – a cara fica uma Schweinerei (porcaria). Impedido (mas só por mais algum tempo) de maior expansão física me limito a olhar e, mentalmente, improvisar: Ai, se eu te pego; ai, ai, se eu te pego! 
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Li, ouvi ou vi...
- “Colocar minhoca no anzol a gente aprende rápido!” Senador Marcelo Crivella, ao ser empossado como Ministro da Pesca, não por seus méritos, mas para acomodar o Partido Republicano Brasileiro (PRB) na base aliada do Governo Dilma.

- “Uma das coisas que eu passo para os meus filhos e que eu aprendi: eu protejo meu contratante, meu contratante me protege”. David Gomes, Presidente da Toesa – uma das três empresas do escândalo de corrupção e suborno denunciadas pelo Fantástico, dando garantia de sua cínica ética na negociação fraudulenta.

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Sem mais, enquanto nos preparamos para a Semana Santa, lhes desejo... Paz e Bem!

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CARPE DIEM!!!