sábado, 29 de janeiro de 2011

Coluna 52 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 26JAN2011

Acumular sentimentos, viver do que já se foi é reduzir-se, é limitar a capacidade de renovar-se (...)

TUDO PASSA – D. Hélio Rubert, Bispo da Diocese (em breve Arquidiocese) de Santa Maria, refletiu, em sua crônica semanal, sobre a lenda de um rei que, atormentado por suas angustias, caminhava pelo reino, quando um casebre lhe chamou a atenção. O camponês residente o recebeu com alegria, ofereceu-lhe água, e convidou-o a entrar. Casa humilde - em contraste com a opulência do palácio – , tudo muito simples e muito limpo. Água pura e fresca. O olhar e a expressão do homem inspiravam serenidade, alegria e paz. Perguntou-lhe o rei com conseguia ser feliz naquele lugar tão distante de tudo e vivendo em tamanha simplicidade. O camponês contou que no passado fora alfaiate, tivera posses e muito dinheiro. Perdeu tudo no ataque de um rei poderoso. Foi obrigado a mendigar para comer. Andarilho, encontrou este que passou a chamar de "pedacinho do céu". Mostrou ao rei, uma tabuleta onde gravara a frase de sua vida, que lhe permitira superar a si próprio e a todas as adversidades. Em madeira tosca, escrito à carvão lia-se: "Tudo passa!"
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O rei, que encomendara a seus assessores uma frase para o novo brasão do reino, viu que esta era a frase lapidar. Tudo passa!
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NESTE TEMPO de férias, de verão, de começo de ano, quando a realidade é medida com olhos distanciados, mirando a vida e o ano que passou e, também, a vida e o ano que está à frente, esta frase deve ornar o pedacinho do céu de cada um, ajudando a renovar, a compreender, a viver melhor.
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A infância, com a pureza, ingenuidade, curiosidade e tudo o que lhe é próprio – a primeira professora, os amiguinhos, o balanço preso ao cinamomo donde se caia sem se machucar. … Tudo passa!
A adolescência, com as aventuras, as incertezas, os amores e desamores. As realizações e as frustrações. … Tudo passa!
Grandes alegrias; as realizações tidas como imorredouras; as dores que doeram tanto a ponto de quase consumir o sofredor... Tudo passa!
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Os sentimentos como se apresentam ao momento também passam. A paixão, como impetuoso fervor, também passa - vira amor ou se desencanta. O perdão é bálsamo, faz passar o rancor! A mão estendida faz ruir a pirâmide do ódio. O afeto acarinha e reaproxima o sozinho.
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Tudo passa! Passa o nascer dos filhos. Passa a valsa dos 15 anos da filha, o primeiro gol do filho. Um dia os filhos partem: quando vão para sua jornada, cumprem sua missão – nasceram de Deus, através dos pais, para o mundo; quando abruptamente são ceifados, sua missão já foi cumprida. Instala-se um vazio, mas... Tudo passa!
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A seca frustra a safra? O mercado não paga bem pelo fruto do suor? Sobra mês e falta salário ou falta salário pois falta trabalho? O governo não é/foi bom? O vestibular foi difícil? A curva foi muito acentuada e não foi vencida? Os padrões de conduta foram neglicenciados? Estas situações são muito reais para tantos. No entanto tenha-se consciência... Tudo passa!
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TUDO PASSA! E é bom que assim seja! Acumular sentimentos, viver do que já se foi é reduzir-se, é limitar a capacidade de renovar-se e, nesta renovação, despertar para o ser melhor, mais íntegro, mais capaz, mais humano e mais irmão que existe dentro de cada um.
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A mente substitui pensamentos. O que passou passou. A cada um é reservado viver plenamente a sua vida que é, neste plano, única, e deve ser dignificada com as crenças, convicções e atitudes de seu entendimento, sabendo que destas prestará contas, sobretudo, a si mesmo.
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Paz e Bem.

Coluna 51 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 18JAN2011



Será sensacionalismo valer-se das dramáticas cenas de Nova Friburgo para chamar a atenção para as área de risco de Agudo?


O RIO NÃO QUERIA ESTE JANEIRO – O Brasil está em estado de choque, compungido pelo que se passa na região serrana do Rio de Janeiro e também em Minas Gerais. Qualquer referência que se fizer estará desatualizada, pois que a todo momento novos pontos de destruição são encontrados. Quantos mortos terão sido confirmados na manhã desta quarta-feira? Setecentos ou mais, com certeza. Nada mais trágico do que contar vidas que se perdem em acidentes ou catástrofes como esta que irrompeu na semana passada no sudeste brasileiro. No entanto é pungente em mesma medida, a vida perdida por quem não morreu, mas que nada mais de seu tem. Os lugares em que viveu suas emoções, onde passeou, onde amou. A rua por onde passava para ir trabalhar, para ir à missa, por onde vinha com o presente para os filhos, com os víveres para a família. A praça, a igreja, a paisagem que os olhos emolduraram qual quadro de parede, tudo se foi, tudo mudou. O chão, o teto, a casa. Para tantos, esta é também uma morte e em vida.
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Deixando de lado esta narrativa melodramática, valho-me do que escreveu o genial Luiz Fernando Veríssimo, no início desta semana. Mesmo dando margem ao imprevisto, às chuvas em excesso, não entende LFV por que depois de milhões de anos de chuva sobre a terra, esta ainda pegue o homem de surpresa. Confessa-se desconfortável com a negligência das autoridades responsáveis por tragédias. Assim como não se pode morar nas encostas de vulcões, mesmo que dormentes, temendo uma erupção que pode nunca acontecer, assim os governos deveriam agir para que em regiões vulneráveis e com risco de desabamento não houvesse ocupação humana, adverte o escritor, músico e dramaturgo gaúcho. Faço eco de sua palavras.
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SERÁ SENSACIONALISMO valer-se do drama e caos de Nova Friburgo para chamar a atenção para as áreas de risco de Agudo? Penso que não. Em boa hora está na ordem do dia das autoridades do Município o debate sobre a relocação da população que ocupa áreas consideradas vulneráveis. As imagens que correm o mundo são didáticas para nossa gente. Não queremos que tais fatos ocorram aqui; tampouco os friburguenses os almejaram. Entretanto, poderemos nos considerar melhor preparados apenas quando ninguém estiver ameaçado de ser atingido, caso o imprevisível ocorra. Será de uma brutal insensatez ter que admitir, ante um fato do gênero, que nada tenha sido feito para prevenir ou evitar os fatos e suas consequências. Agudo já dispõe de mapeamento das áreas que deveriam ter reduzida a interferência humana, de modo a que o ecossistema se possa recompor e que o homem não se veja exposto a situações como as que, com tanta tristeza assistimos e lamentamos.
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MINISTÉRIO PÚBLICO – O MP deverá ter seu edifício-sede próprio e em área bem próxima do futuro Fórum. O Município está negociando com o Sindicato Rural Categoria Empregador, a devolução do terreno de 405 m² que recebeu em doação, em 1986, que está subutilizado, comportando apenas o prédio sede, de pouco mais de 70 m². Saindo o Sindicato e relocando-se a Brizoleta que abriga o Conselho Tutelar, terá o Município uma excelente área para barganhar com o MP, afim de receber mais uma obra pública.
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Um dia, caminhando pela Theodoro Woldt, medi à passo a área e disse para o Prefeito Ari – esta é a área que o Município deve destinar ao MP. Negocie e o senhor estará valorizando ainda mais sua cidade. Pelo visto assim acontecerá.
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MONÓLITO – Um monólito pode ser da casa o alicerce, o esteio ou um degrau; para o déspota pode ser pedestal da arrogância e dominação. Pode também ser a bíblica pedra angular, rejeitada pelo pedreiro e resgatada pelo Filho de Deus. O monólito é criação divina, que mesclou a química dos elementos, conferindo-lhe solidez, dureza, beleza. Alumiado pelo sol, espiado pela lua que, romântica, faz sobra de sua silhueta; a chuva lhe refresca e banha. Monólito – inteiro és pedra; guias, assinalas, sustentas. Quando Deus, pelas mãos do escultor, te desbasta, de ti sai o que escondias. Dás vida, para que a vida não seja esquecida.
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Paz e Bem

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Coluna 50 - Publicada no Jornal Correio Agudense - Edição de 12JAN2011

É excelente o chefe que sai vencedor sem nunca ter entrado no campo de batalha.

A ARTE DA GUERRA – Se Sun Tzu realmente existiu não se sabe ao certo. Pode ser lenda o texto que lhe é atribuído. A Arte da Guerra é das obras eleitas dentre as que deveríamos ler antes de morrer. O texto remonta à época dos Estados Guerreiros da China, dois mil e quinhentos anos atrás. Sun Tzu traçou princípios de estratégia bélica para um imaginário general. O Rei Wu fê-lo seu súdito; queria que a inteligência e astúcia demonstradas na receita de guerrear fossem colocadas à serviço de seu reino. Sun Tzu, pleno de si, asseverou: “Lembra-te que defendes não interesses pessoais, mas os de teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidade e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas consequências. Geralmente, os grandes são irreparáveis e funestos. É difícil sustentar um reino que terás levado à beira da ruína. Depois de destruí-lo, é impossível reerguê-lo. Tampouco se ressuscitam os mortos.”
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A atualização da linguagem bélica da milenar composição e sua interpretação na geografia dos combates modernos, travados no campo de batalha dos negócios, da política, das relações de povos e pessoas e mais muitos motivos de confrontos, faz pensar. Quantos reis de hoje devem ser advertidos de que os interesses que defendem são os do país e não os seus; lembrados que suas virtudes e vícios, qualidades e defeitos influem na disposição de ajudar; que os erros trazem consequências que devem ser medidas.
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A Arte da Guerra: todos temos lutas das quais gostaríamos de sair vencedores. Sun Tzu diz: “O primeiro combate é interno. Se você não conhecer a si mesmo e ao seu adversário, obterá sempre derrotas. E acrescenta: Não é bom o comandante que obtém sem vitórias em cem combates. É excelente o chefe que sai vencedor sem nunca ter entrado no campo de batalha.” É de refletir. Bom exercício mental para esquecer do calor deste verão úmido.
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A Arte da Guerra – uma rica opção de presente.
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VIAJAR ARMADO – No Fantástico de domingo o Brasil pôde acompanhar um repórter embarcar em oito aeroportos nacionais portando um objeto metálico que imitava, na forma, um potente fuzil. Já na segunda-feira o Ministro Jobim e as autoridades aeroportuárias se explicavam e se reuniam para admitir que o sistema é falho.
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Isso me faz lembrar de um episódio ocorrido em 1998. Meu cunhado, alemão, ganhou de amigos, um belo conjunto de faca e chaira, em caprichada bainha. Deu o maior bolo no aeroporto. Nos despedimos no portão de embarque e nada de o avião decolar. Fomos saber, no outro dia, que Herr Dreiling tinha sido detido, pois portava arma em sua bolsa de mão. E como explicar, em alemão, que faca de gaúcho é … para cortar carne, e não para atentar à vida de ninguém. Argumentos de parte a parte, veio o entendimento. O presente agudense viajou na cabine do comandante de Porto Alegre até Frankfurt. No destino o regalo foi-lhe entregue, devidamente embalado e lacrado. Não soube que tivessem assado carne na longa travessia do Atlântico. Penso que não, pois o cheiro teria sido notado. Não é querido Beto Jordani?
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Faca não pode. E fuzil? Bem, fuzil... também não, ora!!
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ADVERTÊNCIA NA SACRISTIA – Consta que na sacristia da Igreja de San Miguel Arcanjo, de Buenos Aires, está estampada a seguinte advertência: “Olhe que Deus está olhando para você, olhe que ele está olhando, olhe que você vai morrer e não sabe quando...” Que tal esta frase em brilhante e bem grande outdoor, no centro da cidade? Olhe que Deus está olhando para você...
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Paz e Bem

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Coluna 49 - Publicada no Jornal Correio Agudense - Edição de 05JAN2011

Em qualquer ambiente em que agimos sem alegria, estamos fazendo mal as coisas.
A ARTE DE SOFRER INUTILMENTE – Para esta primeira semana da janeiro, quando a memória nos remete, inexoravelmente, à primeira semana de 2010, mas que, neste 2011 se apresenta mais favorável, sintetizo o texto A arte de sofrer inutilmente, do escritor, conferencista e professor argentino Enrique Mariscal. É de agradável leitura e ajuda a encarar com mais autenticidade e singeleza o turbilhão desta nova década que se inaugurou.
“Que o humor não nos abandone neste trânsito de milênios. Que a auto-ironia, a brincadeira espontânea com a gente mesmo, abunde nas nossas relações presentes e futuras, eliminando a solenidade com a qual escondemos as pequenas ou grande inseguranças pessoais, que sempre incomodam.
Que o poder da simplicidade e do amor nos libere da baixa energia do desalento, do negativismo e da suspeita, tão frequentes como vãs. (...)
A semente deve morrer para dar seu fruto: o bosque. (…)
Posso somar ou subtrair momentos à minha vida. Isso repousa numa simples atitude mental e emotiva. (…)
Não é a quantidade de alimento que o organismo ingere o que alimenta, mas os nutrientes selecionados, que o corpo absorve através do intestino e dos processos próprios do metabolismo.
Não é suficiente a definição clássica de “sou eu e minha circunstância”, mas “sou eu, minha circunstância e a qualidade da resposta que dou em cada situação...”. (…)
Em qualquer ambiente em que agimos sem alegria, estamos fazendo mal as coisas. (…)
É possível uma postura mental positiva, segura, que transforma as derrotas em vitórias, e as limitações em possibilidades criativas, tão indispensáveis quanto raras. (...)
Não queremos sofrer mais, procuramos na vida segurança total, permanência no conhecido, tememos envelhecer e... por medo de sofrer calamidades futuras, ilusórias, pagamos no presente, à vista, com sofrimento real, mas inútil, tragédias que estão instaladas em nossa imaginação.
Ver o dragão na tela não implica que ele exista na realidade.
Somente uma mente fortalecida pode obter respostas simples, harmoniosas e superadoras dos conflitos.
Para isso é fundamental: sentido espiritual de vida, valores de elevação, integridade e simplicidade.
Ainda neste milênio (…) pouquíssimos cultivarão a arte de sofrer inutilmente. Teremos à nossa disposição generosas opções de vida mais pródiga, digna, altruísta e essencialmente alegre.
Dispomos de um milênio para construir o mundo humano que merecemos. A qualidade poderosa dos nossos desejos e as respostas mais criativas e solidárias que nos permitamos assumir serão sempre fundamentais.
Não se dá de presente um Paraíso a alguém que não tenha ousado construir um, mesmo que seja apenas com seus sonhos.”
Valeu a pena ler? Quando tive acesso a esta reflexão, ela me pareceu diferente e melhor de muitas que circulam ante nossos olhos e ouvidos. Fez bem para mim. Tomara que faça bem a você que me lisonjeia com minutos semanais de atenção.
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UM ANO PASSOU: Hoje faz um ano do cume da sequência e intensidade de enchentes do verão passado. O fato emblemático ocorreu às 09h05min, quando caiu a ponte da RST-287. Olhando ao redor cada um de nós deve suspirar fundo e dizer – ufa, nunca mais!
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Paz e Bem

domingo, 2 de janeiro de 2011

Coluna 48 - Publicada no Jornal Correio Agudense - Edição de 29DEZ2010

Olhemos a cena aberta de 2010, onde cada um foi ator de sua vida. O que fizemos?

FIM DE ANO – Dois mil e dez termina – ufa, até que enfim. Dois mil e onze começa – maravilha! Avaliações e balanços são feitos para que pessoas, entidades e governos meçam suas realizações, potenciais e limitações. Em todos os planos de observação a comparação dos propósitos com os feitos mostra um período fértil, mediano ou desperdiçado. Terá sido fértil quando houve avanços, se caminhou um quilometro a mais, se alcançou mais do que se buscou. A média significa que se cumpriu o carnê, nem mais, nem menos. Bateu-se o ponto dos dias, aplaudiu-se a caravana passar mas não houve decisão de embarcar. O desperdício do ano é a revelação de que a dádiva divina dos doze meses passou e se ficou parado na praça dando milho aos pombos, na versão do poeta. Deixou-se levar pela vida, manipulado por controle remoto.
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Na dimensão terrena uma só oportunidade é dada para encenar o teatro da vida. Não existe ensaio. Uma só vez o pano do palco se abre para que o mundo assista os muitos atos da peça, dividida em tantos anos, invernos e primaveras, quantos for dado a cada um viver. O desempenho de cada um terá sido ditado por fatores como idade, experiência, responsabilidade, atividade, ousadia e estímulo pessoal.
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Olhemos a cena aberta de 2010, onde cada um foi ator de sua vida. O que fizemos? Assumimos as responsabilidades que o ano nos apresentou? Damos conta do recado? Qual resposta podemos ouvir ante a pergunta – minha existência valeu a pena para mim, para minha família, minha comunidade e minha terra?
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Quem teve a função de liderança ou governo dedicou-se com esmero e seriedade no ato de gerir vidas e estruturas? Houve sensibilidade para ouvir, discernimento para decidir, humildade para recuar, confiança e fé para avançar?
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As ações, os pensamentos e a inspiração de cada um fizeram as coisas ficarem melhores em 2010?
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Em Agudo qualquer balanço de 2010 remeterá a perdas. Nos pratos da balança pesarão os efeitos do trágico janeiro com suas perdas humanas e econômicas. Não há como fugir desta verificação. No entanto, a inexorabilidade deste fato, que não pôde ser remediado, serviu para que na comunidade se desenvolvesse um medido e útil estoicismo, sentimento que teve importância na medida em que capacitou ao enfrentamento das adversidades e ajudou na reação serena e eficaz, sem sucumbir às afloradas emoções.
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O ano de 2010 leva consigo muitas realizações. A maior eleição do Brasil e a sensação de ver eleita uma mulher para a Presidência da República. O genial feito tecnológico e humanitário do governo chileno, ao manter vivos e resgatar os 33 mineiros confinados à 700 metros de profundidade, são apenas dois exemplos.
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De outra parte, também houveram mazelas. Os escândalos de corrupção e a impunidade que ainda grassa no meio, foram lamentáveis e é, de muitas, lamentável constatação.
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Para 2011 (em numerologia dá 4, um número par, com o significado que isto venha a ter) as mesmas receitas – fé, determinação, decisão e foco nas metas prometidas. Para ajudar, duas citações que ajudam no combate da procrastinação – cupim comportamental que corrói as melhores intensões.
Horace Mann escreveu: “Foram perdidas, ontem, em algum momento entre o nascer e o pôr-do-sol, duas horas douradas, cada qual com sessenta minutos de diamantes. Nenhuma recompensa foi oferecida, pois elas se foram para sempre”.
Santo Agostinho – Deus prometeu perdão pelo seu arrependimento, mas Ele não prometeu o amanhã pela sua protelação.
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Feliz 2011 e... que estejamos juntos na peleja!
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Paz e Bem

Coluna 47 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 22DEZ2010

As igrejas com linha evangélica fiel aos preceitos do amor, da justiça e da fraternidade cristãs, para as quais a fé não é mercadoria, devem ser apoiadas.






ENTÃO É NATAL ... e como estamos? É da essência que tomemos datas referência para avaliações, revisões e tomada de propósitos. Como estamos neste Natal? Nosso coração-manjedoura está pronto para receber Aquele que é lembrado quando menino, mas que vive no meio de nós podendo ser reconhecido no rosto do outro e, também, quando contemplamos a nós mesmos, nossas atitudes, nossos pensamentos, nossas convicções? Nós, cristãos, fazemos a data ter significado? Ela vale para ser ou para parecer; para compras ou para preces? O Natal nos faz viver a plenitude da luz – que deu origem à que se comemore no nascimento de Jesus em 25 de dezembro – ou sucumbimos ao consumo, saciando o corpo e a mente e deixando faminto o coração e o espírito? Se na avaliação que fazemos, temos mais a comemorar e menos a penitenciar, então... Bom Natal! Ele nascerá para todos e para cada um de nós!
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Referi na coluna passada, que publicaria mais uma cena natalina pintada com a boca. O artista é Jerzy Omelczuk. A candura da cena e a riqueza dos detalhes encantam os olhos e ensina que a providência divina está presente na superação das limitações que a natureza pode apresentar.


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UM EVENTO DO BEM – Participei, domingo à noite, de uma celebração memorável. A Investidura do Pastor Nestor Paulo Friedrich, como Pastor Presidente da IECLB, no templo edificado na sede nacional da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, no centro de Porto Alegre. Representando o Instituto Cultural Brasileiro Alemão de Agudo, integrei comitiva integrada por luteranos de Agudo e Paraíso do Sul, dentre os quais três pastores. Surpreso fiquei já à chegada. Pensava encontrar um templo sóbrio, todo branco, atmosfera austera, pesados bancos, órgão de tubos, pessoas concentradas e solenes. Nada disso. O templo é contemporâneo, construído no início da década de 1970, para sediar evento mundial (que acabou sendo realizado na França por causa da repressão militar da época no Brasil). Uma decoração apropriada, de modo a embelezar o ambiente, sem chamar para si a atenção que era devida às pessoas. E o órgão de tubos? Ah, sim, lá estava, imponente. Vi-o, não sei se o ouvi. A austeridade estava apenas nos muitos cabelos brancos, moldados pela vida. A música – piano, bateria, guitarra e sopros – tocada por jovens. Tudo muito envolvente.
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Sobre o agudense Nestor Paulo Friedrich, agora Pastor Presidente. Cruzávamos o pátio da D. Pedro. Penso que também no Ginásio Estadual; passadas quatro décadas, encontro-o na maturidade de sua vida vocacional, pessoal e familiar. Em sua pregação foi suave e conciliador. É doutor em Bíblia, donde tira os ensinamentos para sua cátedra, sua missão e para sua Igreja.
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Nos cumprimentos, foi-lhe apresentado o convite para participar das comemorações do centenário de nascimento do Pastor Brauer, em 2011. Confirmou presença, como diferente não poderia ser. Afinal, os primeiros versículos os ouviu do grande líder religioso que será comemorado.

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Por que introduzi esta abordagem referindo a um evento do bem? Pois sou convicto que as igrejas reconhecidas, que tem estrutura hierárquica, linha evangélica fiel aos preceitos do amor, da justiça e da fraternidade cristãos, para as quais a fé não é mercadoria, devem ser fortalecidas e apoiadas. Elas pregam, inspiram, produzem e conduzem ao bem.
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Paz e Bem

Coluna 46 - Publicada no Jornal Correio Agudense - Edição de 15DEZ2010


Será seguro trafegar nas ruas se todos cooperarem
CENAS DE TRÂNSITO – Será seguro trafegar nas ruas se todos cooperarem. A cena que descrevo é uma mistura de ingenuidade, nonsense, irresponsabilidade e irreverência. Segunda-feira, dia 13, meia tarde, duas senhoras que presumo fossem irmãs, pois eram muito parecidas, se encontraram em via pública e se puseram a conversar. Bem trajadas, uma usava, garbosa (que palavra mais antiga), um vistoso chapéu trançado de tiras plásticas – dizia-se antigamente que era um chapéu de matéria – cor-de-rosa, para combinar com o traje e, claro, para proteger do sol; a outra deixava o sol lhe iluminar o rosto e o sorriso, reação das confidências. Nada demais; à ninguém é vetado encontrar-se em público. Mas – e tem um mas – atentem para o espaço em que se deus o encontro – o meio, eu disse o meio, da Rua Marechal Floriano, bem na esquina com a Concórdia, entre o Bar do Gordo e o Fórum. No meio da rua, sobre a faixa de segurança (quem saber por isso se sentissem seguras! Oitenta metros antes as vi, por elas passei, vinte, quarenta, setenta metros depois, elas continuavam conversando no meio da rua, em uma esquina movimentada da cidade. E o trânsito? Bem os motoristas manobravam contornando as estátuas vivas instaladas, cuidando para não buzinar e interromper a conversa de comadre, ou de irmãs. Observei a cena por bons quatro minutos e elas lá, bla-bla-bla; ja-ja; nein, nein; Oh, Got! Tão absortas, sequer tinham noção ou se importaram com o risco que corriam e a confusão no trânsito que causava a indolente posição de assuntar no meio de uma esquina. Tirando o romantismo e a licenciosidade que a dignidade das senhoras impõe, foi uma irresponsabilidade! Você pode perguntar-se: por que você, percebendo a situação não lhes chamou a atenção? Sim, concordo e me arrependo de não tê-las abordado e sugerido que conversassem na calçada do Fórum e do MP, onde havia sombra e onde estariam, seguras. Esta cena, real e dada ao sol claro de uma segunda-feira, demonstra como alguns pedestres se comportam nas vias públicas. Pensam serem donos. E, quando acontecem os acidentes a culpa sempre será do motorista. Tudo deve ter terminado bem, cada uma tomou chimarrão em sua casa e contou para a família do encontro e das novidades. Lamentaria demais e sentiria remorso se estas senhoras tivessem sido atropeladas. Seria mais um fato repercutindo nas estatísticas da chacina do trânsito.
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UM FATO EM DUAS SITUAÇÕES – O FATO: dois casais, um com criança o outro sem, se encontram. A noite está agradável, o evento foi curto, era cedo ainda e ninguém ainda jantou! SITUAÇÃO 1 – Estamos em meados dos anos oitenta – provavelmente a proposta seria: vamos lá em casa fazer um carreteiro? É rápido e conversamos à vontade. A despesa não seria maior do que 15 ou 20 reais, suportada por quem convidou; SITUAÇÃO 2 – Estamos em 2010 – o diálogo foi o seguinte: vamos à Pastel & Cia. comer pizza? Gostoso, agradável, com qualidade e bom serviço da casa. A despesa, somando tudo, 48 reais.
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Novos tempos, novos costumes. Muito carboidrato, condimentos, sabores e temperos e, chamo a atenção: não houve consumo de arroz. Constatação que as estatísticas vem apontando já há muito.
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A IMAGEM – É apenas mais uma gravura da Família Sagrada, que motiva o Advento e o Natal? Sim, mais uma gravura da Família Sagrada. No entanto a candura está na cena e na forma como o original foi pintado. Kyriacos Kyriacos pintou esta cena com a boca. Ele integra o grupo Pintores com a Boca e os Pés, criado em 1956, em São Paulo e cada vez mais ativo. Recebo seus cartões já há anos. Tenho particular admiração e emoção ao ver que o limite existe para ser superado. O que eu, com mãos e pés perfeitos, sequer cogito existe quem faça com a boca. Na próxima coluna publico outro que, penso, seja ainda mais lindo. Para ver mais é só acessar www.apbp.com.br
Paz e Bem