quarta-feira, 6 de abril de 2011

Coluna 61 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 30MAR2011


O dragão da inflação, que dormitava em bom berço, está acordando e já bafeja sobre os preços
 

A ECONOMIA brasileira dá sinais de fadiga e preocupa o governo e a nós. O dragão da inflação, que dormitava em bom berço, está acordando e já bafeja sobre os preços. É perceptível que os produtos que os brasileiros precisam – ou desejam – consumir estão mais caros. O governo federal está atento e precisa lidar com esta situação com muita sensibilidade, fazendo ajustes à bisturi, para não desequilibrar o mercado. Explico: um dos remédios, bem ortodoxo e recorrente, é a elevação da taxa de juros. E o governo vem aplicando esta receita, mas com muita cautela. Elevando demais os juros o governo estimula os investidores financeiros a migrarem seus capitais do setor produtivo para o da especulação. O Brasil já viveu esta ciranda e sentiu o risco de ficar à mercê do dinheiro que não tem fronteiras nem precisa passaporte.
O governo passado usou de estratégias bem articuladas para incrementar a produção e o consumo: baixou os juros da economia, ampliou o crédito e convidou a todos à farra do consumo. A indústria mal dava cabo de fabricar, o logista se apressava para repor as prateleiras, pois o brasileiro estava sempre às compras. As cidades se encheram de automóveis, as casas foram equipadas de A a Z, o guarda roupas apinhado de novidades. A nação viveu um tempo de fartura.
Mas a ressaca deste descontrole está no extrato bancário do governo e do povo. A conta herdada pela Presidenta Rousseff é astronômica. Entre despesas feitas e não pagas – caracterizando Restos a Pagar para o novo governo quitar – e os projetos do PAC lançados, anunciados, não realizados e deixados para o atual governo, fala-se em cifras astronômicas. No início do ano os números apareceram e só não causaram alarde por que o governo atual é filhote do passado e os foguistas da caldeira são os mesmos ou do mesmo grupo daqueles que atiçavam o fogo até o ano passado. A esta realidade se soma a necessidade de tocar o país no ritmo de país emergente, cuidando para não estagnar a indústria e inviabilizar o consumo.
Para os brasileiros a sedução do mercado foi tanta que fez com que as famílias comprometessem 24% de sua renda mensal com encargos de dívidas.
A ameaça da inflação, sentida no aumento dos preços nos supermercados, fica mais forte com os anunciados aumentos dos combustíveis, fator de custo que influi em quase toda a cadeia produtiva e de circulação no país.
Há saída para o governo e para o povo. Mas o remédio sempre é amargo. Medidas bem drásticas estão sendo anunciadas. Quando compreendidas e sentidas decerto vão desagradar, pois podem implicar no freio ao consumo, desacelerando a produção, com efeito direto na indústria.
Tem-se ciência de que o Brasil de hoje tem suporte, reservas e talento para administrar crises. Somos hoje um país melhor do que o de 10 ou 15 anos atrás, e sem comparação com o país tropical de antes do do plano real. No entanto, é necessário que governos e pessoas desenvolvam uma cultura que lhes permita conviver e assumir ajustes e arrochos nas contas, com vistas a melhorar a liquidez e resgatar a capacidade de poupança.
Não tendo vocação para economista, falo como assalariado e brasileiro quem tem olhos para ver, ouvidos para ouvir... e estas palavras e espaço para, escrevendo, falar.
*******
MUITA gratidão ainda será manifestada ao longo do tempo pela concretização do Memorial Pastor Brauer. Um apoio solicitado e com gentileza e muita boa vontade ofertado foi vital para que a instalação da estrutura acontecesse sem percalços. A Madeireira Beling foi procurada e o empresário Ênio informou dispor de um guindaste capaz de suspender o monólito esculpido e alçá-lo do caminhão para o pedestal, em operação de deslocamento de mais de 10 metros. Muito risco, pois a sensibilidade da estátua – na qual não se admitiria nenhuma avaria – era inversamente proporcional ao peso, de aproximadamente 1,3 tonelada. O qualificado equipamento, a calma e a perícia do operador Marcos Schiefelbein, deram tranquilidade à quem carregava a responsabilidade do êxito desta sui generis operação. As quase duas horas que demorou o serviço pareceram uma tarde inteira. No que a estátua pousou em seu pedestal um grande alívio pairou e a constatação de que os meios são, de fato, componentes decisivos para alcançar o fim. O ICBAA agradece, de coração, ao Ênio Beling e louva o empenho e o zelo do Marcos, que participou deste momento irrepetível para ele próprio e para Agudo.
*******
Paz e Bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CARPE DIEM!!!