terça-feira, 29 de junho de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 16JUN2010

NAMORAR – O dia foi sábado, mas namoro que é namoro sobrevive, ao menos, até a quarta-feira. Por considerá-lo atemporal; assim sendo, abordo-o hoje.
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Namoro é como o outono – folhas secas pelo chão, água em cascata, cores, luzes e sons em romântica harmonia? Sim, pode ser. A data, ao menos no Brasil, cai nesta estação, e a associação com suas sensações é natural. O Grupo de Casais Reencontristas, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana surpreendeu, reproduzindo o clima outonal, com tapete de folhas secas, teto transparente com água corrente, luzes e sons, no Liebe Labyrinth percorrido, de mão dadas, à entrada do Baile dos Namorados – edição IV, dia 12. Belo e inspirador.
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Muitos cronistas abordam a relação namoratória nos dias atuais. Nos textos lidos no final de semana do Dia dos Namorados chamou-me a atenção o enfoque dado ao namoro entre pessoas já maduras, com já 30, 40, 50 e até 60 anos. Eu que pensava que estas relações chamassem a atenção apenas cá na província, onde todos se conhecem, de esquina à esquina, estava enganado. O amor despertado na maturidade é referido em todos os ambientes e é tema para textos de notáveis escritores.
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O namoro na maturidade tem, à meu juízo, duas vertentes. A primeira é a constatação de que os jovens estão deixando para namorar beeeem mais tarde, se comparados à minha geração e às anteriores. Na segunda vertente está a busca de uma segunda relação, quando a chama da primeira já se apagou.
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Defensor intransigente do casamento único e perene, estou agregando à este conceito o entendimento de ser legítimo que uma pessoa possa, em determinadas circunstâncias, buscar maior felicidade em uma segunda relação. O que me fez estabelecer este novo parâmetro de validação de relações é o convívio com casais que, já tendo chorado e amado em outros ombros, se encontraram mais tarde e, arcando com a responsabilidade do ato, ataram um novo laço de terno e sincero amor. Nos casos que sei houve primeiro o desfazimento formal e emocional da antiga relação para só depois, admitir-se namorar de novo. É indisfarçável que estão felizes.
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Namoro é definível? Sim. Para o dicionarista Houaiss namorar é terem duas pessoas relacionamento amoroso em que a aproximação física e psíquica, fundada numa atração recíproca, aspira à continuidade. A partir desta definição concluo que ficar não é namorar, pois ficar é um estado presente, que dura uma hora, um dia, um verão, se muito, não aspirando à continuidade.
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Será que neste século ainda se pede a mão da namorada? Conheço alguém que o fez duas vezes, cortejando a mesma menina. A primeira para o avô que por ela velava. Passados alguns dias este avô morreu sem ter tido tempo de informar ao pai da moça o consentimento dado. Sem alternativa e não querendo perder o prêmio, o apaixonado teve que fazer novo requerimento. Contou-me mais tarde que a segunda petição foi bem mais difícil, pois o pai tinha um senhor bigode.
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Durante o primeiro semestre deste ano testemunhei um relacionamento amoroso em que a aproximação física e psíquica, fundada numa atração recíproca, aspirando à continuidade se estabeleceu. Decerto já se conheciam de colégio e pode até ser que integrassem uma mesma agremiação artística. No entanto a aproximação recíproca aconteceu nas calçadas da cidade. Era enternecedor ver, ao final da manhã, o encontro: rostos rubros pela coincidência do encontro “eu ia passando, você vinha vindo; esperei”. Passados algum tempo, já de mãos dadas, risos soltos de felicidade, desfilam como belo casal. Será isto já namoro? Vai dar certo? Tempo de se conhecerem estão se permitindo. Se souberem olhar, juntos, na mesma direção, podem aspirar à continuidade. Louvado seja o amor cultivado com carinho e afeto. Ah, querem saber qual calçada dos encontros? A da Tiradentes, imediações da Theodoro. Quem são? Não, poupo-os da exposição pois penso que nunca suspeitaram que eram contemplados com atenta sentinela.
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A PONTE – Estamos, hoje, 162 dias sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

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