quinta-feira, 27 de maio de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 05MAI2010

SAÚDE, UM DIREITO (II) – Na edição passada abordei o tema saúde enquanto prestação de serviços à que tem direito o cidadão, conquanto é um dever do estado. O tema é abrangente e quero nele deter-me num aspecto que entendo importante – o exagero no exercício deste direito. A guisa do poder de cidadão de acesso a este serviço público, tem brasileiros que exageram na dose e demandam dos municípios prestações que eles próprios poderiam suportar. Ao menos em Agudo percebe-se isto à granel. Quantas pessoas se valem do serviço da Prefeitura para serem transportados para consultas, exames, etc..., ou, em situação mais amena porém não menos equivocada, tomam passagem de ônibus custeadas pelo erário público para se deslocarem.
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Se a pessoa é carente, ou necessitar remoção especializada – ambulância, no caso – nada a considerar: o direito existe e o serviço é disponibilizado para atender justamente tais situações. Porém, é lamentável que tantos existam que se valem do apoio público por capricho ou por avareza. Alegam, com peito ufanado, que pagam seus impostos e tem direito! Sem dúvida, como brasileiros têm. Mas pergunto – e precisam? Não é muito mais decente, cristão, honesto até, que, tendo condições econômicas – mérito conquistado na vida e do qual se podem até orgulhar – o cidadão assumir ele mesmo o ônus de cuidar-se? Não basta que o Estado lhe ponha à disposição toda a estrutura de serviços? Precisa, ainda, ser levado? As safras se acumulam nos celeiros, o carro está na garagem, mas o Município que o apanhe em casa, o leve e o traga. Pena que não lhe paga o almoço. Dentro de minha escala de valores de decência isto não cabe e é uma bruta falta de bom senso e de amor próprio. Pior ainda é pegar passagem para passear. Não acontece isto? Não, só em Chaleiras, uma terra atrás da corredeira.
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RESGATE CULINÁRIO – A EMATER de Ibarama lançou um programa de resgate culinário. Quer reavivar receitas das nonas, com as quais estas santas mulheres alimentaram gerações e puseram fartas mesas das barulhentas festas familiares ou de Igreja. Louvável. Aplausos.
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Em tempo de fast food, de micro-ondas, de Mc não se o quê, isto faz bem.
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Aqui em Agudo, em 2007, a Comissão dos Festejos dos 150 anos da Imigração Alemã na Colônia Santo Ângelo propôs fosse lançada uma torta comemorativa da data. Deveria evocar tradição, ter a consistência do colo de uma Mutter e o sabor e aroma da culinária germânica. Reuniram-se confeiteiras e doceiras. Em pouco nasceu a Torta dos 150 anos, lançada em saboroso evento, no Auditório João Gerdau, do ICBAA. Sua massa básica foi resgatada de um caderno de receitas da Mutter Laura Klüsener Kegler, anotada em alemão, da década de 30, do século passado. As padarias e as boas confeiteiras de Agudo estão habilitadas a montá-la. Ela dificilmente figura no portfólio das casas panificadoras pois é de preparo um tanto complexo e sua massa - o Butterteig - bem consistente. Mas afirmo: é muito gostosa, cheirosa, bonita e nutre deveras.
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No final do ano passado a sempre primeira Primeira Dama de Paraíso do Sul, Erika Rohde, teve sua sabedoria de forno e fogão editadas em um livro que reúne suas receitas maravilhosas (este é o nome da obra), escrito por seu filho Geraldo e sua nora Marlisa Strenzel. Também louvável iniciativa.
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Entre 1998 e 1999 mulheres da Casa da Amizade – grupo de senhoras rotarianas - se propuseram a também resgatar receitas em útil publicação, que é a salvação de muitas cozinheiras em início de carreira.
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Muito bem. Publicações temos bastante. O que falta, penso, é colocá-las em prática. Estamos perdendo nossas raízes culinárias. Os bolinhos de carne (Hackbraten ou Fleischkuchel, como costumamos chamar) são, hoje, quase sempre assados na grelha, em afronta herege àquelas generosas montanhas, assadas em fornos à lenha (minha mãe foi, por mais 30 anos, quem os preparou, na Festa de São Bonifácio). Nos orgulhamos de aprender receitas novas, eivadas de cremes e condimentos e nos esquecemos de levar à mesa, ainda assando, uma boa forma de bolinhos de carne.
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A PONTE – Estamos, hoje, 120 dias ou 2880 horas sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

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