segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Coluna 141 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 31OUT2012

O ato de ler é afiar o machado do lenhador


A FEIRA –Vai-se à feira para conhecer e também para comprar. Se a feira é de alimentos, compra-se batata, repolho, beterraba, raiz forte, mel, pão caseiro, etc. Se é agropecuária se encontra expostos e à venda animais de linhagens e espécies diversas, máquinas e equipamentos com tecnologia e capacidade de produção que surpreendem a mais fértil imaginação. Artesanato, automóveis, calçados... É sem fim a lista. Até feira onde se vende milagre parece existir (vide no vídeo alguns programas de novos deuses encarnados). Suprimo-nos, abastecemo-nos, não só, mas também em feiras. Livros, os compramos nas livrarias e, também, em feiras.
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À sombra dos centenários Jacarandás da atávica Praça da Alfândega de nossa capital está instalada a 58ª Feira do Livro de Porto Alegre. A propósito, Feiras de Livros se multiplicam em todos os cenários (ainda nesta semana teremos a edição/2012 desta na Escola Santos Dumont, da Vila Caiçara). Charmosas, acanhadas, disfarçadas em meio a atrações lúdicas e artísticas ou puristas – só livro e leitor, as feiras do livro são uma festa para os olhos de quem gosta de ler.
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Não conheço muitas Feiras do Livro. Mas conheço a maior das gaúchas – a de Porto Alegre. Se bem que dizer que a conheço é demasia. Circulo, vez por outra, por algum de seus corredores e me demoro em frente a algumas das muitas estantes. Entre tantos livros, já mais de uma vez a indecisão me fez sair de mãos vazias. Curando-me desta síndrome, não mais quero sair de nenhuma feira de livro sem carregar comigo alguma pepita impressa. Comprar um livro na Feira do Livro de Porto Alegre é, para um gaúcho provinciano, o ápice do chique.
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Luiz Coronel é o patrono de edição de 2012. O poeta e escritor bajeense merece esta homenagem. A Câmara Rio-Grandense do Livro – órgão a quem incumbe organizar a feira e definir o seu patrono – escolhendo Luiz Coronel para tocar o sino na praça, sinaliza que a via da leitura tem seta de direção apontada para uma apreciação mais poética, pessoal, voltada à valorização dos lugares comuns das pessoas
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O ato de ler é, com a licenciosidade da metáfora, afiar o machado do lenhador. Na inauguração desta mostra de objetos compráveis impressos, o maestro da caneta (ou será do teclado) Luiz Coronel declarou: “Os livros são os pássaros e com eles aprendi a voar. Uma biblioteca é o espelho em que me vi refletido”.
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Dele é a poesia gaúcha musicada que mais me encanta – Cordas de Espinho. Originalmente cantada por Ivo Fraga, por mérito poético mereceu também a ser gravada pela majestosa Fafá de Belém, entre outras vozes do meio artístico (ficaria muito bem na interpretação sem par de Fagner. Todavia, não sei que ele a tenha produzido) Com este poema faço minha mui acanhada homenagem ao grande literato gaúcho, no ano em que ele toca o sino que dobra por ele à sombra dos Jacarandás da Alfândega de Porto Alegre. “CORDAS DE ESPINHO – Geada vestiu de noiva, os galhos da pitangueira. / Ainda caso com Rosa, caso ela queira ou não queira. / Acordoei minha viola, com seis cordas de espinho. / Meu canto em cor de sangue, teu beijo gosto de vinho. / Pra domar o meu destino, comprei um buçal de prata. / Nenhum pesar me derruba, qualquer paixão me arrebata. / Fui aprender minha milonga na água clara da fonte. / O canto do quero-quero mais que um aviso é uma ponte.
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Ouvi, Li ou Vi
Ouvi que o tamanho da fonte desta coluna esta pequena demais. O remédio é usar menos palavras. Acatando a sugestão hoje escrevo 620 verbetes.
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Paz e Bem.

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