terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coluna 137 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 3OUT2012

DEUS VOMITARÁ OS MORNOS!!



O CAMINHO DO MEIO – Estamos às vésperas das eleições municipais. Domingo as urnas serão tecladas em todos os municípios brasileiros. O ato de votar é um ato de escolha. Votar em um será descartar o voto em outro. Qual o critério?
**
O Filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella, mente admirável e por quem tenho admiração dada a clareza e consistência com que defende posições cristãs sem clericalismo, publicou, neste ano, pela Editora Vozes “Não espere pelo epitáfio...” Atraído o título e já sabendo do autor, comprei  o livro e me deliciei. A reflexão que dá nome ao livro é adequada ao período que está na pauta de todos os eleitores brasileiros nesta semana.
**
Deus vomitará os mornos! Está no Apocalipse – 3, 15-16. A frase é uma ameaça quando se quer amedrontar aqueles que seguem pela vida afora sem nunca aproximar-se minimamente dos extremos, ficando sempre no ansiado “caminho do meio”, evitando, assim, qualquer risco de ruptura da prudência. “Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou por vomitar-te de minha boca” – diz São João. Histórias, fábulas e mitos em profusão exaltam a virtude e a preferência do caminho do meio. Este pode ser o prudente; no entanto pode ser também o da mediocridade. Em nome da sobriedade, da prudência, fica-se, muitas pessoas ficam na mornidade mediana.
**
Para não ser morno é preciso ser radical. Mas, bem entendido, radical no sentido etimológico da palavra: firmado em raízes, com convicções consolidadas, posturas sólidas, não descansado em certezas medíocres.
**
É preciso ter limites, mas estará o limite exatamente no meio? Não é necessário ir até os extremos, mas é essencial não ficar restrito ao confortável e letárgico centro; muitas vezes insignificante, inodoro, incolor e insípido.
**
Não espere pelo epitáfio... Muitas vezes o desejo de romper alguns paradigmas aparece apenas no epitáfio, de forma nostálgica e lamentadora  - “eu devia ter...”
**
A sabedoria para se equilibrar entre os extremos, mas sem ficar na linha mediana é extraída da reflexão de Confúcio, do século V a.C. “Eu sei por que motivo o meio-termo não é seguido: o homem inteligente ultrapassa-o, o imbecil fica aquém”. Radicalidade é uma virtude; o vício está na superficialidade.
**
Mentes iluminadas nos são boas conselheiras. Vali-me da provocação filosófica de Cortella, no intuito de contribuir para o momento de decisão sobre o voto.
**
Porém, a mediocridade não é comportamento que se deva observar apenas na avaliação sobre em quem votar. Estamos rodeados de pessoas que, na admoestação apocalíptica, seriam literalmente vomitadas. De tanto serem meio, ficam sem lado nenhum; redondas. Sequer sabemos onde são frente e para onde olham.
**********
Li, ouvi ou vi...
Ouvi, de muitas pessoas que a fórmula da Festa do Morango e da Cuca está muito parecida com a da ExpoVolks, da Volksfest. E a observação não foi para valorizar. Foi para apontar que ela, a cada edição se afasta do propósito e perde sua identidade. Sei da proposta original, aliás, ainda anunciada como mote de atração – feira gastronômica! Todavia, o que se está vendo e a repetição da fórmula de atrair muita gente, que, uma vez aqui estando, é embretada, sobrando a alternativa de passar em frente aos estantes onde se ouve o mantra “compre, compre, compre!”. Não devia ser “deguste, experimente, deguste, experimente!?” Acrescenta-se ainda a observação de que o produto que dá nome à festa – Sua Excelência, o Morango -  tinha tímido espaço no final da fila, em plano secundário, em uma parte de uma parte do Centro Desportivo Municipal – o palco. E que faltou morango, e que terminou o chope. Ouvi falar, pois não visitei.
**********
Bom e consciente voto e ...Paz e Bem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CARPE DIEM!!!