domingo, 4 de abril de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 31MAR2010

SEMANA SANTA – A Semana Santa é um tempo para refletir, com a dinâmica da fé aprendida no catecismo de cada Igreja cristã, o que se passou no Horto das Oliveiras, há quase dois mil anos. Foi um fato político. Jesus, o filho do carpinteiro José, não podia continuar a propagar sua mensagem de amor e de justiça. Ele, o Filho de Deus, o enviado, devia dobrar-se à tradição e à lei. Foi um ato messiânico. Ele, mesmo sabendo ser muito amargo o cálice de que devia beber, quis submeter-se, para que seus seguidores, tivessem a certeza de que n'Ele está a redenção. [Tomai e comei, tomai e bebei … em memória de mim.] Ao partir o pão com seus discípulos, selou uma nova aliança em seu corpo e em seu sangue. [Se eu não te lavar os pés, não terás comigo.] Ao lavar-lhe os pés deu aos homens um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo que tem todos os fiéis.
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DAS COISAS SIMPLES – Normalmente não se dá valor às coisas simples. Assim se pronunciou, certa vez, a sanitarista Zilda Arnst Neumann, fundadora da Pastoral da Criança, que morreu em janeiro, no Haiti, vitimada pelos escombros de uma Igreja que ruiu no terremoto. Referia a necessidade de medidas de prevenção necessárias para melhorar a condição de vida. E sua advertência chamava a atenção para a sociedade e a família, núcleos de formação do caráter e onde deve haver zelo absoluto pela integridade física, intelectual e psicológica da pessoa humana e, também, campo de exercício de direitos e obrigações. A Senhora Arnst acrescentou que não se deveria esperar tudo dos governos. No campo da educação e da saúde a atuação da família e da sociedade são fundamentais para que vivamos melhor. A rigor, nenhuma novidade. No entanto, Dona Zilda sentiu a necessidade de tais assertivas, pois percebeu que no mundo de hoje vige uma cadeia invertida de valores. Espera-se que o estado atue no cenário em que deveriam agir, antes, a família e a sociedade. Não é assim? Com a palavra os educadores e os profissionais da saúde. O estado entra muito cedo no processo tendo que assumir papéis para os quais nem sempre está preparado e nem tem vocação.
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São coisas simples, mas que fazem a diferença. A criança se inspira no que pensam e como agem seus pais, e tende a, no futuro, adotar este aprendizado doméstico como parâmetro de vida. O jovem admite como plausível o que acontece ao seu redor, onde as atitudes e os procedimentos são medidos pelo grau de tolerância e transigência e pelos valores alimentados na sociedade. Este jovem tende a, também, entender como permissivos e normais estes procedimentos. Aí se situa um dos cernes da questão. O que a família e a sociedade estão inspirando? O que nós – cada um em seu papel – estamos fazendo, conscientes de que somos observados e seremos imitados.
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São coisas simples. Dias atrás em uma conversa furtiva, alguém de orgulhou de ter pedido para seu filho furar a fila em uma festa de confraternização, afim de, enchendo seu prato de carne, permitir que os pais e seus amigos pudessem degustar algo enquanto esperavam serem chamados a servirem-se. Argumentou com o filho de que criança pode furar a fila que ninguém se importa. O filho foi induzido a uma contravenção social para satisfazer seus pais. Simples, não? O que este filho aprendeu? E, pasmem, os pais são letrados, isto é, sequer a ignorância podem arvorar em seu favor, apenas a estupidez.
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São coisas simples. No Domingo de Ramos a palma (cica revoluta) entra em cena, compondo, com a liturgia própria, um elemento de ligação fé-tradição. Para a fé a palma é um objeto que, depois de benta, se torna sagrada e é colocada, em muitas casas, sobre uma foto de família, invocando a bênção divina sobre a casa e seus moradores. Para a fé, é, também, queimada, em pequenas porções sempre que uma tormenta ameaça. Fiz isto muitas vezes e fazemos ainda hoje, em família. Lembro muito presente, de quando, sem querer, a bacia onde queimamos a palma esquentou e furou a nova toalha de mesa. Alguém se importou? Não. A fé naquela prece foi maior do que o prejuízo.
A tradição da palma está no fato de tantos pátios terem ao menos uma palma plantada. A Rosa e eu cuidamos de ter três, uma colhida no pátio dos avós Fischer, outra do pátio dos avós Dickow e uma terceira, ofertada a partir do pátio da família Schmitz. As três lá estão, belas e... para nós, sagradas. Quiçá nossos netos possam, em cada Domingo de Ramos, apanhar uma palma, que, benta, significará uma bênção para suas vidas.
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A PONTE – Estamos, hoje, 85dias ou 2040 horas sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

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