terça-feira, 6 de abril de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 07ABR2010

O MASSACRE NO TRÂNSITO – O título é lugar comum na imprensa e aparece para escancarar esta realidade após cada feriado prolongado. Na Páscoa deste ano não foi diferente:2.355 acidentes, com 1431 vítimas e 114 mortos no país, apenas nas rodovias federais – 34% a mais do que no ano passado. No trânsito gaúcho houve diminuição dos índices, felizmente.
**
Para quem não foi implicado em um destes acidentes, esta informação pode incomodar, mas logo passa. No entanto é grande o trauma para as vítimas e as famílias das vítimas que escreveram esta estatística. Nesta Páscoa, do meio dia de quinta-feira santa até o meio dia se segunda-feira, 16 pessoas tiveram féretro no RS. Escrever féretro é denso, mas é uma forma de lembrar que as mortes no trânsito deixam um rastro muito forte na vida de muitos, o que se pode sentir nestes atos inexoráveis e de profunda tristeza.
**
O Relatório Custos Sociais dos Acidentes de Trânsito ocorridos em Rodovias Estaduais nos anos de 2006, 2007 e 2008 (www.daer.rs.gov.br), elaborado pelo Engenheiro Emir José Masiero, para o DAER, é uma fidedigna fonte para análise desta realidade. Cito dados de 2008:
I - Tipos de acidentes. 1 – acidentes com mortes: 325; com lesões corporais: 4.576, com danos materiais: 5.189 – total: 10.090.
II Resultados dos acidentes. 1 – mortes (no local do acidente) 370; feridos: 7.411; veículos envolvidos: 17.436.
Os custos sociais dos acidentes, medidos pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo DENATRAN, compostos pela aferição dos custos hospitalares, pós-hospitalares, perda de produção (pelo acidentado) remoção/translado, gastos previdenciários, danos materiais aos veículos, perdas de carga, reposição destas mercadorias, processos judiciais e atendimento policial; custos à via pública e danos à propriedade privada, impacto do estresse pós-traumático e danos causados ao meio ambiente. Ponderados todos estes fatores, presentes com intensidades diferentes, porém presentes em todos os acidentes, chegou-se ao seguinte: custo de uma vítima fatal (morte): R$ 270.165,00; custo de uma vítima com lesões: R$ 36.305,00; custo dos danos materiais: R$ 1.040,00.
Tivemos, em 2008: 370 mortos (R$ 99.961.050,00); 7.411 feridos (R$ 26.905.635,00); 17.436 danos materiais (R$ 18.133.440,00) Total: R$ 145.000.125,00. Em 2006 foram 142 milhões e em 2008, 151 milhões. Somado o triênio o valor é de R$ 450 milhões.
**
Tome-se este valor e se quotize com o custo unitário médio de recuperação e de construção de rodovias no programa CREMA (o mesmo em que foi incluída a licitação da recuperação da ERS-348), de R$200.000,00/ km para recuperação e R$ 850.000,00/km para construção. Em 2008, com este dinheiro, poderiam ser construídos 170,59 km ou recuperados 725 km de rodovias estaduais.
Outro dado importante: Em 2008 o DAER investiu R$ 172 milhões em rodovias estaduais. O Custo social calculado dos acidentes alcançou 84,16% deste valor.
**
Estas informações são números, ponderáveis, sem dúvida. No entanto, há consequências deste massacre que não são mensuráveis.
*******
A PONTE – Estamos, hoje, 92 dias ou 2208 horas sem a ponte na RSC-287.
*******
Paz e Bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CARPE DIEM!!!