terça-feira, 23 de outubro de 2012

Coluna 140 - Publicada no jornal Correio Agudense - edição de 24OUT2012

Plantar fumo será passado para os netos das gerações que hoje habitam os cantões do Torrão Amigo que o têm como atividade basilar da economia familiar.


FUMO – PLANTAR ATÉ QUANDO? Planta-se fumo no Brasil a, no mínimo, cento e cinquenta anos. A cultura teve já tamanha importância a ponto de merecer integrar um dos símbolos nacionais: no Brasão Nacional uma planta de fumo faz harmonia com um ramo de café. É, assim, uma secular atividade agrícola de sustento e geração de riqueza. Em Agudo isto se percebe com muita clareza. Nenhuma atividade agrícola de escala comercial rende por hectare tanto quanto plantar Nicotiana tabacum. A importância se dilata ainda para o orçamento público – o fumo é a cultura que agrega mais valor adicionado ao ICMS do município e sua lavoura sustenta o maior número de pessoas.
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Tal situação nos põe deitados em berço esplêndido – interpretando literalmente o termo. Todavia, isto tende a mudar. Os séculos de plantio de fumo não se dobrarão. Sequer as décadas – quiçá mais uma ou duas, não três! Plantar fumo será passado para os netos das gerações que hoje habitam os cantões do Torrão Amigo e dos demais municípios que o têm como atividade basilar da economia familiar. Esta peremptória afirmação é sustentada pela adesão do Brasil, em 2006, ao tratado internacional sobre saúde pública, denominado Convenção Quadro para o Controle do Tabaco - CQCT. Objetiva a CQCT “Proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco, proporcionando uma referência para as medidas de controle do tabaco a serem implementadas pelas Partes nos níveis nacional, regional e internacional, a fim de reduzir de maneira contínua e substancial a prevalência do consumo e a exposição à fumaça do tabaco.” Se o governo brasileiro ratificou propósito desta consistência e se este cânon está sendo entoado por mais de uma centena de nações, pergunto: é confortável assistir o pavio queimar cada vez mais perto do barril?
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No ano que já vai para o final, muito pouco se fez para melhor conhecer a situação. Nos anteriores idem. De ação ou reação proativa nada foi visto. Tímidas manifestações de alguns políticos (poucos deputados e alguns vereadores de municípios implicados na atividade) foram percebidas. E, o que é lamentável, na contramão do processo. Querem derrubar o tratado. É uma batalha de Davi contra Golias. De nada adianta espernear; os governos que assinaram a CQCT não vão recuar. Quemo  assinou sabia o que estava fazendo e calculou as consequências (ou nem se importa com essas). No Brasil a proposta tramitou por mais de sete anos no Congresso, onde decerto foi amplamente discutida. Está-se perdendo tempo para alinhar ações que minimizem o impacto de uma abrupta mudança de rumo na propriedade onde por gerações se planta tabaco.
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Tivemos a campanha política recentemente. Foi um tempo fértil em propostas. No caso agudense as duas forças concorrentes foram pródigas em elencar o que ainda falta para Agudo. O tema agricultura foi feito do avesso. A população se encheu de ouvir praticamente todos os concorrentes (tanto para Prefeito quanto para Vereador) dizer que conheciam as dificuldades de quem vive na roça. Ora, é mesmo um desterro trabalhar na agricultura? E, para ajudar se propunham a “aumentar a Patrulha Agrícola”. O apanágio da agricultura de Agudo estaria na Patrulha Agrícola! Tudo se resolveria com mais máquinas e mais horas de trabalho... da Patrulha Agrícola!
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De fato, a prestação de serviços na propriedade rural é uma boa prática. Mas ela nunca será em quantidade suficiente e nunca atingirá todas as propriedades. Sempre haverá reclamações e sempre haverá quem diga que nunca na história desta terra se fez tanto!
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Mas pensar apenas em Patrulha Agrícola é reduzir a tão pouco o muito que se tem pela frente, em um município que tem ao menos uma perna de sua economia apoiada em cima de um documento denominado Convenção Quadro para o Controle do Tabaco! Espera-se mais!
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Li, ouvi ou vi...
Vi um grande show em muitos sentidos. Sons do Coração, da Orquestra de Sopro Eintracht, de Campo Bom, foi um espetáculo de técnica e beleza cênica e musical; também de público (apesar da chuva) e de solidariedade (o Abrigo Transitório Amor Perfeito recebeu mais de 700 quilos de alimentos e demais produtos). O agudense, aliás, muito exigente em termos de espetáculo, teve em casa uma oportunidade de ver Hique Gomes afinado com os trinta músicos e os locutores da Rádio Eintracht! Uma grande noite. Ao Icbaa cabe agradecer a quem apoiou! Ganhamos todos! Ganhou Agudo!
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Paz e Bem!

Coluna 140 - Publicada no jornal Correio Agudense - edição de 24OUT2012

Plantar fumo será passado para os netos das gerações que hoje habitam os cantões do Torrão Amigo que o têm como atividade basilar da economia familiar.


FUMO – PLANTAR ATÉ QUANDO? Planta-se fumo no Brasil a, no mínimo, cento e cinquenta anos. A cultura teve já tamanha importância a ponto de merecer integrar um dos símbolos nacionais: no Brasão Nacional uma planta de fumo faz harmonia com um ramo de café. É, assim, uma secular atividade agrícola de sustento e geração de riqueza. Em Agudo isto se percebe com muita clareza. Nenhuma atividade agrícola de escala comercial rende por hectare tanto quanto plantar Nicotiana tabacum. A importância se dilata ainda para o orçamento público – o fumo é a cultura que agrega mais valor adicionado ao ICMS do município e sua lavoura sustenta o maior número de pessoas.
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Tal situação nos põe deitados em berço esplêndido – interpretando literalmente o termo. Todavia, isto tende a mudar. Os séculos de plantio de fumo não se dobrarão. Sequer as décadas – quiçá mais uma ou duas, não três! Plantar fumo será passado para os netos das gerações que hoje habitam os cantões do Torrão Amigo e dos demais municípios que o têm como atividade basilar da economia familiar. Esta peremptória afirmação é sustentada pela adesão do Brasil, em 2006, ao tratado internacional sobre saúde pública, denominado Convenção Quadro para o Controle do Tabaco - CQCT. Objetiva a CQCT “Proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco, proporcionando uma referência para as medidas de controle do tabaco a serem implementadas pelas Partes nos níveis nacional, regional e internacional, a fim de reduzir de maneira contínua e substancial a prevalência do consumo e a exposição à fumaça do tabaco.” Se o governo brasileiro ratificou propósito desta consistência e se este cânon está sendo entoado por mais de uma centena de nações, pergunto: é confortável assistir o pavio queimar cada vez mais perto do barril?
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No ano que já vai para o final, muito pouco se fez para melhor conhecer a situação. Nos anteriores idem. De ação ou reação proativa nada foi visto. Tímidas manifestações de alguns políticos (poucos deputados e alguns vereadores de municípios implicados na atividade) foram percebidas. E, o que é lamentável, na contramão do processo. Querem derrubar o tratado. É uma batalha de Davi contra Golias. De nada adianta espernear; os governos que assinaram a CQCT não vão recuar. Quemo  assinou sabia o que estava fazendo e calculou as consequências (ou nem se importa com essas). No Brasil a proposta tramitou por mais de sete anos no Congresso, onde decerto foi amplamente discutida. Está-se perdendo tempo para alinhar ações que minimizem o impacto de uma abrupta mudança de rumo na propriedade onde por gerações se planta tabaco.
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Tivemos a campanha política recentemente. Foi um tempo fértil em propostas. No caso agudense as duas forças concorrentes foram pródigas em elencar o que ainda falta para Agudo. O tema agricultura foi feito do avesso. A população se encheu de ouvir praticamente todos os concorrentes (tanto para Prefeito quanto para Vereador) dizer que conheciam as dificuldades de quem vive na roça. Ora, é mesmo um desterro trabalhar na agricultura? E, para ajudar se propunham a “aumentar a Patrulha Agrícola”. O apanágio da agricultura de Agudo estaria na Patrulha Agrícola! Tudo se resolveria com mais máquinas e mais horas de trabalho... da Patrulha Agrícola!
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De fato, a prestação de serviços na propriedade rural é uma boa prática. Mas ela nunca será em quantidade suficiente e nunca atingirá todas as propriedades. Sempre haverá reclamações e sempre haverá quem diga que nunca na história desta terra se fez tanto!
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Mas pensar apenas em Patrulha Agrícola é reduzir a tão pouco o muito que se tem pela frente, em um município que tem ao menos uma perna de sua economia apoiada em cima de um documento denominado Convenção Quadro para o Controle do Tabaco! Espera-se mais!
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Li, ouvi ou vi...
Vi um grande show em muitos sentidos. Sons do Coração, da Orquestra de Sopro Eintracht, de Campo Bom, foi um espetáculo de técnica e beleza cênica e musical; também de público (apesar da chuva) e de solidariedade (o Abrigo Transitório Amor Perfeito recebeu mais de 700 quilos de alimentos e demais produtos). O agudense, aliás, muito exigente em termos de espetáculo, teve em casa uma oportunidade de ver Hique Gomes afinado com os trinta músicos e os locutores da Rádio Eintracht! Uma grande noite. Ao Icbaa cabe agradecer a quem apoiou! Ganhamos todos! Ganhou Agudo!
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Paz e Bem!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Coluna 139 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 17OUT2012

O ato de teclar a urna eletrônica – momento em que o eleitor está frente a frente consigo mesmo – é antecedida de motivações bem diversas


PONTO DE OBSERVAÇÃO – Se você quer ver uma floresta tem que se afastar dela, senão você verá apenas algumas árvores que não são o conjunto. Para tirar uma foto panorâmica é necessário tomar certa distância da cena, para que a lente capte com profundidade o que se quer retratar. O afastamento necessário é a atitude mais sensata para a análise da eleição municipal deste ano. Penso ser necessário deixar correr o carretel do tempo, para que a apreciação seja descontaminada da campanha e do resultado. Por ter estado tão de perto envolvido corro, ainda, o risco da parcialidade. Todavia, isto não quer significar que me deseje alinhar com os mornos, situados no prudente meio. Não quero ser engolido!
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No entanto uma observação já pode ser partilhada, pois o que percebi não mudará de cor com o desfiar dos dias. Os tipos de votos que uma eleição produz. O ato de teclar a urna eletrônica – momento em que o eleitor está frente a frente consigo mesmo (estará sereno ou encabulado nesta confissão cívica?) – é antecedida de motivações bem diversas. Existe o voto consciente, dado ao natural, por convicção pessoal ou afinidade. O cidadão vota por que conhece o candidato, sabe em que este acredita e confia nele. Existe o voto do efeito manada, dado por convencimento midiático. O cidadão vota no candidato mesmo sem o conhecer bem, levado por influência de fatores externos – mídia, discurso, onipresença durante a campanha, identificação de um ideal (oh, como eu gostaria de ser igual) ou empatia. Por final, mas não necessariamente nesta ordem, aparece o voto que se confunde com mercadoria. Não se consegue perceber se a mercadoria é o voto ou o que é pedido/ganho em troca. Toma lá o voto, vem prá cá... a promessa, a benesse, o favor, a conta paga, o produto oferecido. Brita, tijolo, dinheiro para a conta de água e luz, a cerveja, o dinheiro como simples e explícita propina. O eleitor (por ignorância ou sem-vergonhice)faz de seu voto uma mercadoria negociada no balcão eleitoral, em troca de outra mercadoria ou serviço. Estes são, sem esgotar a relação, alguns dos fatores que definem o resultado das urnas. E depois? Bem, o depois ainda não chegou.
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Neste sábado, Sons do Coração, no Centro Desportivo Municipal. Musical da Orquestra de sopro Eintracht, promoção do Icbaa, realização do Centro Cultural Eintracht, de Campo Bom, patrocínio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e Dickow & Cia. Espetáculo para mais de 2.500 pessoas. Leve cadeira ou almofada.
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Li, ouvi ou vi...
Ouvi e Li: “Acho estranho e muito grave que alguém diga, com toda a tranquilidade, que houve Caixa 2. Caixa 2 é crime, é uma agressão à sociedade brasileira”- Ministra Carmem Lúcia, do STF, ao prolatar seu voto no julgamento do mensalão.
Li: “Existirá um Brasil AM/DM – antes e depois do mensalão.” “Um dos atos de ofício do servidor é ser ético e moral”. Lênio Streck, Doutor em Direito e Procurador de Justiça, agudense, filho da Dona Vanda Streck, ao opinar, na grande imprensa, sobre o julgamento do mensalão..
Li: “Se pensarmos a longo prazo, a Igreja no mundo ocidental não tem futuro sem uma renovação da família. Quem tem filhos tem futuro. Os pais com muitos filhos aparecem nas estatísticas como as pessoas mais felizes da sociedade. O matrimônio e a família devem ser reconhecidos hoje como uma vocação. É aqui que acontece a evangelização. Os fieis seguem, indo contra a corrente da sociedade, o caminho do seguimento de Cristo. Por este motivo, devem receber todo o apoio possível na preparação do matrimônio. O Sacramento do Matrimônio é muito valioso. O fracasso do matrimônio tem muitas vezes consequências trágicas. Devemos perguntar-nos claramente quais são as condições em que se realiza este Sacramento. A família permanece o fundamento para a aprendizagem da fé. A família compreende a própria casa como casa de Deus. Os filhos percorrem com os pais um longo caminho na aprendizagem da fé.” Pe. Heinrich Walter, Superior Geral dos Padres de Schöenstatt, na décima Congregação Geral do Sínodo dos Bispos, em Roma, dia 13 de outubro, defendendo a instituição familiar.
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Paz e Bem!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coluna 138 - publicada no jornalo Correio Agudense - edição de 10OUT2012

Se na Câmara Municipal, o resultado está sendo administrado na mente e não na bílis, por que então eu haveria de avivar ânimos?


ELEIÇÕES – Antes de mais outra palavra uma confissão: não escrevi esta coluna três semanas passadas, como declarei em 4 de setembro. Desculpem. Procrastinei levado pelo ritmo da campanha política. Ela ganhou forma em 771 palavras na noite de segunda-feira. Pretendia fazer uma carta ao Prefeito eleito. Depois desisti; ele não leria do mesmo, ao menos não nesta semana. Assim guardo o tema para uma futura ocasião.
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Se consegui frustrar alguém com este desvio de rota decerto a decepção é menor do que a que sentiu quem acompanhou a sessão da Câmara Municipal na segunda-feira, um dia depois das eleições. Agora, com o fim da campanha e a retomada da transmissão no portal da Câmara e na Rádio Agudo, os agudenses esperavam que os preferidos e os preteridos nas urnas trocassem “elogiosas” considerações. O que ouviram? Agradecimentos, elogios, afagos e cumprimentos. Diz-se que o combinado não teria sido este. Mas foi o que aconteceu!
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Se na Câmara Municipal, onde as forças partidárias se deparam frente a frente e onde muitos dos candidatos da eleição de domingo têm assento, foi perceptível que o resultado está sendo administrado na mente e não na bílis, por que então eu haveria de dedicar linhas para avivar ânimos?
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Mas a carta será escrita sim. O Prefeito não perde por esperar. Se vai ler? Como posso saber?
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Encartado nesta edição do CA o panfleto de divulgação do show da Orquestra de Sopro Eintracht, que acontece no sábado que vem, dia 20, no Centro Desportivo Municipal. Este folheto deve motivar a comunidade para participar. Assistindo ao show de 23 de setembro de 2007 me espanto – que espetáculo! Cinco anos depois ainda me encanta a qualidade feita com quantidade, ou, se queremos inverter, tal quantidade de músicos fazendo arte musical com tamanha qualidade.
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No show deste ano trinta músicos e dez técnicos e operadores de luzes e som darão muito de si para estrear, em Agudo, a comédia musical “Sons do coração”! Depois este espetáculo será apresentado no Teatro São Pedro, na capital (o mais nobre e seleto palco da arte no Rio Grande do Sul) e no Teatro da Feevale, em Novo Hamburgo (o maior e mais moderno teatro do Estado). Que privilégio o nosso – receber a inauguração de um espetáculo de arte musical do Eintracht, do qual fará parte Hique Gomes, o violonista Kraunus Sang. Ele com seu colega o Maestro Pletskaya, ambos fugidos da fictícia Sbórnia do Sul, fazem, desde 1984, o show Tangos & Tragédias, que lota todas as plateias por onde passa. E Hique Gomes estará em  Agudo! Imperdível!!!
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Li, ouvi ou vi...
Vi, constrangido, Agudo entrar no rol dos municípios gaúchos dignos de receber reforço policial pelo risco que ofereciam as eleições municipais. A imprensa estadual nos relacionou, com mais outras 110 comunidades gaúchas, como um município merecedor de atenção especial, reforço do efetivo da BM e presença ostensiva de atentos e armados agentes da Polícia Federal. Que grande fiasco! Agudo, que se ufana de tantas virtudes – uma delas é de ser politizado (com o significado que se queira dar ao termo) – ser enquadrado como terra de perigo e de iminente desordem, carecendo de policiais para assegurar a mim e a você o direito de votar com segurança. Convenhamos, foi um vexame! Havia ou houve risco? A carreata de cada coligação não aconteceu em simultâneo? Os que pregavam que Agudo Pode Ainda Mais e os que promoviam um Agudo Transparente tiveram algum problema nesta manifestação que é, na essência, carregada de manifestações apaixonadas e expansivas? Houve sequer uma contrariedade entre os passeantes, que se encontraram no centro da cidade? E esta expressão de respeito e sadia disputa não foi um atestado de que a campanha transcorria em bons termos? Mas e por que as autoridades da segurança entenderam que Agudo apresentava risco? Como eleitor e ativo participante da campanha só encontro uma razão que possa ter motivado esta atitude: a ridícula boataria que foi plantada em Agudo nos últimos dias da campanha. Quem tinha que cuidar da integridade do pleito e dos eleitores teve a impressão de Agudo ser uma terra sem lei, de gente sem caráter e onde imperava o vale tudo. Boatos e versões. Quem os cria e dissipa? Quem não tem outra coisa para fazer. Quem acredita? Quem não separa joio do trigo. E quem escreve sobre isto? Quem se indigna pela irresponsabilidade de quem não se importa com o conceito de sua e nossa terra.
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Paz e Bem!

Coluna 137 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 3OUT2012

DEUS VOMITARÁ OS MORNOS!!



O CAMINHO DO MEIO – Estamos às vésperas das eleições municipais. Domingo as urnas serão tecladas em todos os municípios brasileiros. O ato de votar é um ato de escolha. Votar em um será descartar o voto em outro. Qual o critério?
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O Filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella, mente admirável e por quem tenho admiração dada a clareza e consistência com que defende posições cristãs sem clericalismo, publicou, neste ano, pela Editora Vozes “Não espere pelo epitáfio...” Atraído o título e já sabendo do autor, comprei  o livro e me deliciei. A reflexão que dá nome ao livro é adequada ao período que está na pauta de todos os eleitores brasileiros nesta semana.
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Deus vomitará os mornos! Está no Apocalipse – 3, 15-16. A frase é uma ameaça quando se quer amedrontar aqueles que seguem pela vida afora sem nunca aproximar-se minimamente dos extremos, ficando sempre no ansiado “caminho do meio”, evitando, assim, qualquer risco de ruptura da prudência. “Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou por vomitar-te de minha boca” – diz São João. Histórias, fábulas e mitos em profusão exaltam a virtude e a preferência do caminho do meio. Este pode ser o prudente; no entanto pode ser também o da mediocridade. Em nome da sobriedade, da prudência, fica-se, muitas pessoas ficam na mornidade mediana.
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Para não ser morno é preciso ser radical. Mas, bem entendido, radical no sentido etimológico da palavra: firmado em raízes, com convicções consolidadas, posturas sólidas, não descansado em certezas medíocres.
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É preciso ter limites, mas estará o limite exatamente no meio? Não é necessário ir até os extremos, mas é essencial não ficar restrito ao confortável e letárgico centro; muitas vezes insignificante, inodoro, incolor e insípido.
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Não espere pelo epitáfio... Muitas vezes o desejo de romper alguns paradigmas aparece apenas no epitáfio, de forma nostálgica e lamentadora  - “eu devia ter...”
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A sabedoria para se equilibrar entre os extremos, mas sem ficar na linha mediana é extraída da reflexão de Confúcio, do século V a.C. “Eu sei por que motivo o meio-termo não é seguido: o homem inteligente ultrapassa-o, o imbecil fica aquém”. Radicalidade é uma virtude; o vício está na superficialidade.
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Mentes iluminadas nos são boas conselheiras. Vali-me da provocação filosófica de Cortella, no intuito de contribuir para o momento de decisão sobre o voto.
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Porém, a mediocridade não é comportamento que se deva observar apenas na avaliação sobre em quem votar. Estamos rodeados de pessoas que, na admoestação apocalíptica, seriam literalmente vomitadas. De tanto serem meio, ficam sem lado nenhum; redondas. Sequer sabemos onde são frente e para onde olham.
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Li, ouvi ou vi...
Ouvi, de muitas pessoas que a fórmula da Festa do Morango e da Cuca está muito parecida com a da ExpoVolks, da Volksfest. E a observação não foi para valorizar. Foi para apontar que ela, a cada edição se afasta do propósito e perde sua identidade. Sei da proposta original, aliás, ainda anunciada como mote de atração – feira gastronômica! Todavia, o que se está vendo e a repetição da fórmula de atrair muita gente, que, uma vez aqui estando, é embretada, sobrando a alternativa de passar em frente aos estantes onde se ouve o mantra “compre, compre, compre!”. Não devia ser “deguste, experimente, deguste, experimente!?” Acrescenta-se ainda a observação de que o produto que dá nome à festa – Sua Excelência, o Morango -  tinha tímido espaço no final da fila, em plano secundário, em uma parte de uma parte do Centro Desportivo Municipal – o palco. E que faltou morango, e que terminou o chope. Ouvi falar, pois não visitei.
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Bom e consciente voto e ...Paz e Bem!