sábado, 19 de maio de 2012

Coluna 118 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 16MAI2012

O homem é uma espécie gregária. Vivesse isolado, eremita, não precisaria de ninguém para lhe dizer: faça ou não faça; vá por aqui ou vá por ali.

O humano é um ser gregário por essência, isto é, busca viver em aglomerados. A etimologia da palavra remete a tempos primitivos, quando o viver próximo – em greis, raiz da palavra – tinha como razão a soma de forças para a caça, para superar o medo do desconhecido e defender-se do ataque das feras. A civilização despertou nas pessoas outras motivações para estarem próximas, sem deixar de considerar que estar próximo do outro dá mais segurança, permite a troca de coisas e ideias e afasta a solidão.
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Esta aproximação de pessoas no grupo e de grupos entre si foi tão intensa, e os que se agrupavam eram tantos, ao ponto de fragilizar os costumes e o ordenamento natural do convívio. A astúcia do homem, aflorada pelo senso de oportunidade (em todos os tempos houve homens que tiravam proveito pessoal de situações que se lhe apresentavam favoráveis), fez brotar sentimentos de individualidade e ímpetos de dominação e submissão. Para frear estas mazelas, que ameaçavam o equilíbrio e a equanimidade, foi necessário impor regras a todos no grupo e, também, entre os grupos. Fez-se a lei. Para legitimar a lei, instalaram-se instâncias a que se atribuíram responsabilidades e tarefas – surgiram os governos. Os governos tinham como missão primeira e absoluta velar pela vida, o bem supremo e único (a ganância material veio mais tarde, atrapalhando ainda mais). Tão arraigado ficou este princípio que hoje as leis magnas de povos organizados, dispõem ser a vida de seus cidadãos um bem indisponível, propriedade e responsabilidade do Estado.
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Resumo e constatação: os governos foram fundados pois o homem é uma espécie gregária. Vivesse isolado, eremita, não precisaria de ninguém para lhe dizer: faça ou não faça; vá por aqui ou vá por ali. Conclusão simplória esta, não é?! Simplória mas antropologicamente encadeada. Está certo atalhei, pulando séculos e não levando em conta o efeito da cultura e da civilização, que aceleraram processos, fazendo que se sucedessem avanços e retrocessos na cadência da evolução.
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Usei mais de trezentas palavras para dizer o que todos sabemos: vivemos em comunidade e temos governo.
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Na proximidade que se estabelece no viver em comunidade, afloram ideias de organização por afinidades pessoais ou por causas que são entendidas úteis e necessárias; outras são deliberadamente desejadas. Nascem as entidades, tantas e tão diversas quanto mais criativas forem as pessoas.
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Em Fevereiro de 1905 Paul Percy Harris teve a visão, a disciplina, a paixão e a consciência de que poderia agrupar pessoas em torno de uma causa – fundou o primeiro Rotary Club. Em Junho de 1917 Melvin Jones, homem também dotado de idênticas potencialidades pessoais e empatia, disse pela vez primeira a um grupo de pessoas reunidas com motivo comum – Nós Servimos! Nasceu o Lions Clube.
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Em Agudo, no mais de 1982, motivações culturais, afinidades pessoais e a criatividade de um grupo de pessoas que se reunia com a motivação de preservar e cultuar os valores culturais dos antepassados germânicos, materializou-se na entidade que hoje se impõe no meio cultural, o Instituto Cultural Brasileiro Alemão de Agudo – ICBAA.
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Assim se dá o arranjo da vida das pessoas e dos grupos sociais. O homem de hoje, por alguma motivação, se vê inserido em algum grupo, ainda que se diga estar trilhando o caminho de volta a um individualismo. O que os grupos desejam e precisam é que cada membro dê de si para que, juntos todos cresçam. Só assim o convívio será salutar, sem dominados e dominantes, com harmonia e ação.
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Li, ouvi ou vi...
Vi que o Conselho Municipal de Desenvolvimento de Agudo – COMUDE – está renovado. Embora as largas prerrogativas e atribuições que a lei lhe confere, o COMUDE se restringe a coordenar as consulta à população na definição do quinhão do orçamento que o Estado entrega para a sociedade definir (Participação Popular e Cidadã Participação Cidadã). É uma pena que tenha feito só isso, pois por sua constituição e sua capacidade de articulação assegurada em lei e estatuto, pode ser importante interface governo-sociedade. Tendo participado deste colegiado desde sua instalação, em 1994, sai para priorizar outras ações na vida, pois...  “navegar é preciso!”
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Paz e Bem!

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