sábado, 19 de maio de 2012

Coluna 117 - Publicada no jonal Correio Agudense - Edição de 9MAI2012

A cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu todo resto

Você, eu e quem mais acompanha minimamente os acontecimentos que ocupam a grande imprensa – e agora também o governo, a oposição, os que estão em cima do muro, os que tem medo e os bravateiros – soube dos diálogos do senador Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira. Pois este – um bicheiro corrupto (existe bicheiro ficha limpa?) – e aquele um Senador da República, agora sabido também corrupto, se comunicavam com “bão”, “xá comigo”, “uns 3 bilhão”, agora nóis destrói tudo”, “a muié tá torrando meu saco” ... e por ai vai, conforme publicado das escutas feitas pela PF.
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Admitir que houvesse políticos da Câmara Alta – a mais impoluta de nossa pátria – envolvidos em corrupção já nos ruboriza (de vergonha e de raiva). Saber que “negociavam” empregando esta linguagem... bem, ao menos nestes momentos eram autênticos.
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Helder Caldeira, escritor e conferencista gaúcho discorreu sobre estes diálogos (que me chamaram a atenção pelo estilo linguístico empregado), em artigo do Correio do Povo de domingo, 6 de maio. No artigo citou Émile Henriot, escritor e crítico francês, que escreveu certa vez: “A cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu todo resto”. Lamentou – e lamentamos também, que a falta de cultura e a impunidade correm parelhas e ganham. Quem perde é a nação e seu povo.
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Dirá alguém que se cultos fossem não seriam corruptos: isto até pode ser verdade, embora o primeiro não seja condição para o segundo. Mas acompanhe-se uma palestra do agora sem partido, sem eleitores (?) e sem vergonha, Demóstenes Torres, nos tempos em que era incensado como Avis rara política e pérola de seu ex-partido, o DEM, e ver-se-á um careca empertigado, discursando com desenvoltura tal, que se o avaliaria no nível dos grandes tribunos da nação. Pura fachada, sabe-se hoje!
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De rir (mas só para não chorar, pois não é piada, é lamentável) foi o que sucedeu em uma reunião da CPMI do Cachoeira. Os senadores Collor e Pedro Taques, devidamente alfabetizados, dialogavam, e outros, também senadores, para aterrissar no que estava sendo dito, valeram-se de dicionário para buscar o significado de confrades e passiva. Pasmo por um senador não saber.
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Só quem é letrado é honesto? Todo aquele que fala linguagem popular não merece crédito? Para ser do bem é condição dominar a linguagem culta e se comunicar desta forma? Não, claro que não! Sei que o tema é terreno pantanoso. No entanto, com segurança afirmo: por desconhecimento a ninguém se pode apontar erros de fala ou escrita. A escola não foi ambiente para tantos brasileiros, uma pena, mas verdade. Mas, quando somos confrontados com escabrosos vilipêndios da língua, partidos de quem a domina ou, por formação sabida decerto aprendeu algo, é um deboche.
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Já foi um achincalhe ter existido mais esta rede de corrupção. Igualmente ruim, ou até pior ainda é acompanhar o grande esforço que membros das duas casas legislativas federais estão fazendo para embromar e embaraçar as investigações e a grande torcida para empanar o resultado, com medo do que ainda possa vir à tona. Está se vendo a falta de cultura, de vergonha, de decência e a impunidade dançando a mesma quadrilha – com devido desagravo a esta bela manifestação cultural dançante.
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Li, ouvi ou vi...
Ouvi comentários de que estão faltando ainda jogadores/as para completar o número estabelecido na fórmula de disputa do III Lustiger Tisch – torneio de jogo de tabuleiro Paciência ou Devagar, promovido pelo ICBAA nas tardes de dois domingos, dias 20 e 27 de maio. Arregimentem-se os grupos que habitualmente se reúnem para este entretenimento e seja esta terceira edição, um verdadeiro Lustiger Tisch (Mesa Alegre). Inscrições no ICBAA (3265-3103).
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Paz e Bem!

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