terça-feira, 27 de abril de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 21ABR2010

BENTO XVI – Nesta semana a Igreja Católica comemora os cinco anos do pontificado de Bento XVI. Imaginava o Cardeal Josefh Ratzinger que cinco anos depois de ascender à cadeira de Bispo de Roma a Igreja que lhe é confiada tivesse escancarada tão grande chaga – a deplorável e horrenda prática de abusos sexuais cometidos por ordenados contra crianças, jovens e menores – que agora começa a ser denunciada? Decerto não. Nenhuma instituição pode coadunar com uma realidade destas, muito menos a igreja. A medicina quer se ver livre de médicos pedófilos; o magistério de professores tais, a classe do direito de advogados abusadores. A Igreja, qualquer credo ou confissão, também deve fazer sua faxina moral. O Vaticano, ao reconhecer a doença deste seu tecido humano – como o fez na Carta escrita ao povo da Irlanda – e ao acolher as vítimas e suas famílias – como ocorreu em Malta, nesta semana – mostra arrependimento e quer, com o abraço do Papa, ser um bálsamo para a cicatrização da mazela emocional, psicológica e física. O gesto de Bento XVI, em admitir que sua Igreja tenha convivido com tais lástimas, é de coragem. Mas muito mais do que de coragem, é de respeito para com a dignidade de tantos. O que o mundo espera, no desenlace deste fato, é que haja o sumário desligamento destes servidores ordenados, e, também, a reparação segundo as regras dos homens – já que à luz dos ensinamentos divinos esta só se pode dar no coração de cada vítima.
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Bento XVI é diferente de seu antecessor, João Paulo II. Seu papado ocorre em um tempo diferente. Se a João Paulo II coube propor a derrubada dos regimes totalitários, revigorar a chama do cristianismo e alimentar o diálogo com outros credos, a Bento XVI cabe fazer a Igreja estar presente e ser força espiritual de quem a segue, tornando-a atual e transmitindo o amor, a fraternidade e a justiça semeados por Jesus Cristo, na linguagem de hoje, sem ferir os princípios e valores pétreos. Tudo deve estar alicerçado no Evangelho; tudo deve estar alinhado com o século XXI, pois a roda da vida não para de girar.
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O homem que a Igreja consagrou como padre, bispo, cardeal e papa é alemão, erudito, culto, sereno e profundamente estudioso. Em comum com JP II Bento XVI tem a devoção mariana. Ambos demonstraram isto em visita aos grandes santuários de Nossa Senhora no mundo – entre os quais Aparecida. Se Karol Wojtyla praticava esportes, Ratzinger toca piano. Ainda que estas prática não se excluam, o apego a uma ou outra mostra características que são, sem dúvida, diferentes. O Papa é um santo homem que irradia candura e severidade dos 83 anos, completados em 16 deste mês.
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E crível que Bento XVI tenha, em mais de uma vez, se valido da interseção de São Bonifácio, no túmulo em que repousam os restos mortais deste, em Fulda, na Alemanha, para rezar pela humanidade. O patrono da Paróquia católica agudense zela, também, pela missão da Igreja Católica no mundo e intercede aos céus por seu guia maior – um humilde trabalhador da vinha do Senhor sua frase de saudação, tão-logo eleito, em 19 de abril de 2005. Que Deus lo anime, sempre.
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VIATURA MAIS BARATA – Uma decisão do comando da Brigada Militar gaúcha repercute bem. A corporação abandonou os grafismos coloridos de suas viaturas, em nome da economia. A pintura com três cores aumentava em R$ 2.700,00 o valor de cada automóvel. Para cada mil Prismas fornecidos pela gaúcha GM, já com a cor padrão da BM e isenta de impostos, 100 foram de graça, pois mais baratos pelo item pintura. Aparentemente um detalhe, mas no erário público um efeito positivo. O gaúcho agradece. Nossa segurança está em ter viaturas vistosas ou mais viaturas nas ruas.
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Durante muitos anos um slogan foi recorrente: Casa da Paz -Agudo precisa, Agudo terá! Hoje, somadas a dedicação e decisão de muitos se pode dizer: Casa da Paz – Agudo precisa, Agudo tem! E por que não usa???
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A PONTE – Estamos, hoje, 106 dias ou 2544 horas sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

terça-feira, 13 de abril de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 14ABR2010

PLANEJAR É PRECISO – Nossa região está pensando seu futuro a partir dos Municípios. O elemento desencadeador foi o Fórum dos COREDES – reunião de todos os Conselhos Regionais de Desenvolvimento – que percebeu, ainda em 2008, a necessidade de o Rio Grande do Sul ser pensado pelos gaúchos, agentes legítimos para propor o desenvolvimento do garrão do Brasil. Desta percepção nasceu uma atividade de diagnóstico e levantamento estrutural que perdurou todo o ano de 2009, envolvendo agentes de todos os 28 COREDES. Nossa região foi premiada por ter o nosso COREDE sido escolhido como sede deste processo de criação que envolveu todo o Rio Grande. Melhor ainda foi para nossa microrregião – o CONDESUS (Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia e Região – que congrega Agudo, Restinga Sêca e a Quarta Colônia) que foi lugar laboratório para as rodadas de levantamento de dados e preparação das matrizes de atuação. Com esta movimentação a região ficou desperta e estimulada a participar das atividades deste ano.
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Como membro do COMUDE – Conselho Municipal de Desenvolvimento – participei das três reuniões de estudos, realizadas agora em março e abril, em Santa Maria. Ciente da responsabilidade do lugar que ocupei – e que poderia ter sido preenchido por você que me honra com a leitura deste espaço – participei, com seriedade e concedendo o melhor de mim na proposição de um desenvolvimento possível, harmônico, sustentável e duradouro para todos.
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Tudo o que aconteceu desde o início de 2009 até quarta-feira, dia 07, será sistematizado em um documento que, na medida em que as lideranças nele crerem, será uma espécie de livro de receitas para governos e sociedade, indicando a dosagem dos esforços despendidos para produzir o crescimento regional e de cada município.
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Sim, sei que este tema é um tanto teórico. A pretensão que alimento ao apresentá-lo, ainda que de forma superficial, é que a sociedade esteja preparada e motivada a assumir e a cobrar as ações que vierem a ser propostas.
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O trabalho foi sério, muito sério. Os envolvidos diretos são pessoas probas e estudiosas. Eu levo fé, pois acredito que planejar é preciso.
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PEDRO SCHORN - O tempo não para e, para um Município já cinquentenário, seu compasso irrevogável leva consigo os líderes de outrora. Agudo perdeu na semana passada, Pedro Osório de Oliveira Schorn, o segundo ex-Prefeito Municipal a passar da constelação terrena para a celeste. Aldo Berger, o primeiro Prefeito e também o primeiro a falecer, morreu fazem 15anos.
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Grande pesar abateu-se sobre Agudo e sua população. Pedro Schorn foi um homem probo. Isto dele se disse e isto para ele se disse ao longo de sua vida toda. Conheceu e sentiu o carinho dos agudenses – seus conterrâneos de coração – em todas as frentes de atuação. Professor, diretor de escola, prefeito e empresário – tudo isto foi Pedro Schorn. Em todas estas destacadas funções Pedro Schorn inspirava ser um ser humano com raras virtudes, um homem de bem. Altruísta, dava de si e do que era seu em favor do outro. Patriota, amava a pátria, a terra que pisou e adotou, a família e todas as pessoas que dele se aproximavam.
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Correu três carreiras eleitorais, ganhou uma e perdeu duas. Ganhou em 76 de uma trinca – Armando Goltz, Dori Müller Paul e Hasso Harras Bräunig; perdeu em 88 para seu xará, Pedro Müller e em 2000 perdeu, por um voto, para Lauro Reetz.
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A PONTE – Estamos, hoje, 99 dias ou 2376 horas sem a ponte na RSC-287. Citar este dado, comprometimento assumido em 05 de março, possibilita uma certa cronologia do andamento da obra que fará existir, na RST-287, uma nova ponte no lugar da que caiu. Passados 72 dias do fatídico 05 de janeiro a Governadora Yeda assinou a autorização para o início da obra. Anteontem, segunda-feira, 26 dias depois, a imprensa estadual estampou fotos dos primeiros pilares da nova ponte. Alvissareira demonstração de seriedade e compromisso com a palavra empenhada.
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Paz e Bem.

terça-feira, 6 de abril de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 07ABR2010

O MASSACRE NO TRÂNSITO – O título é lugar comum na imprensa e aparece para escancarar esta realidade após cada feriado prolongado. Na Páscoa deste ano não foi diferente:2.355 acidentes, com 1431 vítimas e 114 mortos no país, apenas nas rodovias federais – 34% a mais do que no ano passado. No trânsito gaúcho houve diminuição dos índices, felizmente.
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Para quem não foi implicado em um destes acidentes, esta informação pode incomodar, mas logo passa. No entanto é grande o trauma para as vítimas e as famílias das vítimas que escreveram esta estatística. Nesta Páscoa, do meio dia de quinta-feira santa até o meio dia se segunda-feira, 16 pessoas tiveram féretro no RS. Escrever féretro é denso, mas é uma forma de lembrar que as mortes no trânsito deixam um rastro muito forte na vida de muitos, o que se pode sentir nestes atos inexoráveis e de profunda tristeza.
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O Relatório Custos Sociais dos Acidentes de Trânsito ocorridos em Rodovias Estaduais nos anos de 2006, 2007 e 2008 (www.daer.rs.gov.br), elaborado pelo Engenheiro Emir José Masiero, para o DAER, é uma fidedigna fonte para análise desta realidade. Cito dados de 2008:
I - Tipos de acidentes. 1 – acidentes com mortes: 325; com lesões corporais: 4.576, com danos materiais: 5.189 – total: 10.090.
II Resultados dos acidentes. 1 – mortes (no local do acidente) 370; feridos: 7.411; veículos envolvidos: 17.436.
Os custos sociais dos acidentes, medidos pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo DENATRAN, compostos pela aferição dos custos hospitalares, pós-hospitalares, perda de produção (pelo acidentado) remoção/translado, gastos previdenciários, danos materiais aos veículos, perdas de carga, reposição destas mercadorias, processos judiciais e atendimento policial; custos à via pública e danos à propriedade privada, impacto do estresse pós-traumático e danos causados ao meio ambiente. Ponderados todos estes fatores, presentes com intensidades diferentes, porém presentes em todos os acidentes, chegou-se ao seguinte: custo de uma vítima fatal (morte): R$ 270.165,00; custo de uma vítima com lesões: R$ 36.305,00; custo dos danos materiais: R$ 1.040,00.
Tivemos, em 2008: 370 mortos (R$ 99.961.050,00); 7.411 feridos (R$ 26.905.635,00); 17.436 danos materiais (R$ 18.133.440,00) Total: R$ 145.000.125,00. Em 2006 foram 142 milhões e em 2008, 151 milhões. Somado o triênio o valor é de R$ 450 milhões.
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Tome-se este valor e se quotize com o custo unitário médio de recuperação e de construção de rodovias no programa CREMA (o mesmo em que foi incluída a licitação da recuperação da ERS-348), de R$200.000,00/ km para recuperação e R$ 850.000,00/km para construção. Em 2008, com este dinheiro, poderiam ser construídos 170,59 km ou recuperados 725 km de rodovias estaduais.
Outro dado importante: Em 2008 o DAER investiu R$ 172 milhões em rodovias estaduais. O Custo social calculado dos acidentes alcançou 84,16% deste valor.
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Estas informações são números, ponderáveis, sem dúvida. No entanto, há consequências deste massacre que não são mensuráveis.
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A PONTE – Estamos, hoje, 92 dias ou 2208 horas sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

domingo, 4 de abril de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 31MAR2010

SEMANA SANTA – A Semana Santa é um tempo para refletir, com a dinâmica da fé aprendida no catecismo de cada Igreja cristã, o que se passou no Horto das Oliveiras, há quase dois mil anos. Foi um fato político. Jesus, o filho do carpinteiro José, não podia continuar a propagar sua mensagem de amor e de justiça. Ele, o Filho de Deus, o enviado, devia dobrar-se à tradição e à lei. Foi um ato messiânico. Ele, mesmo sabendo ser muito amargo o cálice de que devia beber, quis submeter-se, para que seus seguidores, tivessem a certeza de que n'Ele está a redenção. [Tomai e comei, tomai e bebei … em memória de mim.] Ao partir o pão com seus discípulos, selou uma nova aliança em seu corpo e em seu sangue. [Se eu não te lavar os pés, não terás comigo.] Ao lavar-lhe os pés deu aos homens um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo que tem todos os fiéis.
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DAS COISAS SIMPLES – Normalmente não se dá valor às coisas simples. Assim se pronunciou, certa vez, a sanitarista Zilda Arnst Neumann, fundadora da Pastoral da Criança, que morreu em janeiro, no Haiti, vitimada pelos escombros de uma Igreja que ruiu no terremoto. Referia a necessidade de medidas de prevenção necessárias para melhorar a condição de vida. E sua advertência chamava a atenção para a sociedade e a família, núcleos de formação do caráter e onde deve haver zelo absoluto pela integridade física, intelectual e psicológica da pessoa humana e, também, campo de exercício de direitos e obrigações. A Senhora Arnst acrescentou que não se deveria esperar tudo dos governos. No campo da educação e da saúde a atuação da família e da sociedade são fundamentais para que vivamos melhor. A rigor, nenhuma novidade. No entanto, Dona Zilda sentiu a necessidade de tais assertivas, pois percebeu que no mundo de hoje vige uma cadeia invertida de valores. Espera-se que o estado atue no cenário em que deveriam agir, antes, a família e a sociedade. Não é assim? Com a palavra os educadores e os profissionais da saúde. O estado entra muito cedo no processo tendo que assumir papéis para os quais nem sempre está preparado e nem tem vocação.
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São coisas simples, mas que fazem a diferença. A criança se inspira no que pensam e como agem seus pais, e tende a, no futuro, adotar este aprendizado doméstico como parâmetro de vida. O jovem admite como plausível o que acontece ao seu redor, onde as atitudes e os procedimentos são medidos pelo grau de tolerância e transigência e pelos valores alimentados na sociedade. Este jovem tende a, também, entender como permissivos e normais estes procedimentos. Aí se situa um dos cernes da questão. O que a família e a sociedade estão inspirando? O que nós – cada um em seu papel – estamos fazendo, conscientes de que somos observados e seremos imitados.
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São coisas simples. Dias atrás em uma conversa furtiva, alguém de orgulhou de ter pedido para seu filho furar a fila em uma festa de confraternização, afim de, enchendo seu prato de carne, permitir que os pais e seus amigos pudessem degustar algo enquanto esperavam serem chamados a servirem-se. Argumentou com o filho de que criança pode furar a fila que ninguém se importa. O filho foi induzido a uma contravenção social para satisfazer seus pais. Simples, não? O que este filho aprendeu? E, pasmem, os pais são letrados, isto é, sequer a ignorância podem arvorar em seu favor, apenas a estupidez.
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São coisas simples. No Domingo de Ramos a palma (cica revoluta) entra em cena, compondo, com a liturgia própria, um elemento de ligação fé-tradição. Para a fé a palma é um objeto que, depois de benta, se torna sagrada e é colocada, em muitas casas, sobre uma foto de família, invocando a bênção divina sobre a casa e seus moradores. Para a fé, é, também, queimada, em pequenas porções sempre que uma tormenta ameaça. Fiz isto muitas vezes e fazemos ainda hoje, em família. Lembro muito presente, de quando, sem querer, a bacia onde queimamos a palma esquentou e furou a nova toalha de mesa. Alguém se importou? Não. A fé naquela prece foi maior do que o prejuízo.
A tradição da palma está no fato de tantos pátios terem ao menos uma palma plantada. A Rosa e eu cuidamos de ter três, uma colhida no pátio dos avós Fischer, outra do pátio dos avós Dickow e uma terceira, ofertada a partir do pátio da família Schmitz. As três lá estão, belas e... para nós, sagradas. Quiçá nossos netos possam, em cada Domingo de Ramos, apanhar uma palma, que, benta, significará uma bênção para suas vidas.
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A PONTE – Estamos, hoje, 85dias ou 2040 horas sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.