domingo, 22 de maio de 2011

Coluna 68 - Publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 18MAI2011


Se fosse de manhã, quem é que 'podia' participar, com tanta coisa pra fazer todos os dias. Ia ser um desfile pra nós sem que nos 'pudesse' participar. Bonito isto.


O DESFILE DA VOLKSFEST NA EXPOVOLKS – PELOTÃO 2

CENA 1
É cedo, manhã de feriado. Cerração fechada, bem molhada, mas um dia de tempo bom. Promete sol, promete alegria! Hoje é o nosso dia! Já ouviram nas rádios? Já leram nos jornais? O supermercado, a loja de roupas, a do gás, a padaria, todos mandaram publicar lindas mensagens pra gente! Oh, toma a cuia. Até o Prefeito e, inclusive, nosso vereador encomendaram elogios para nós colonos e, também, para os motoristas. Você lembra de uma vez em que o Prefeito falou em alemão e o vice em italiano? Isto também já aconteceu... é verdade. A olaria, a construtora, o que vende o adubo, a cooperativa – que mensagem bonita a da cooperativa. Nestes dias sempre lembro do Pastor Brauer, com sua voz tão especial e as palavras, as lindas palavras em alemão e, depois em português. Vale a pena ter um feriado para nós, os colonos, não?! Filha, levanta, vem que é teu o mate. Já vou, responde, lá de dentro, ainda debaixo das cobertas, como convêm e gosta o jovem em dia de feriado. Vamos tratar o bicharedo, tirar leite, ver o terneirinho novo, observar se a raposa caiu no alçapão, pegar o bicho e largar pra que se crie no lá no mato, bem longe do galinheiro. Ainda bem que, embora feriado, temos tempo para fazer tudo, almoçar tranquilo e, depois ainda ajudar a comunidade e a escola a enfeitar os carros e participar do lindo desfile de hoje à tarde. Que bom! É tão lindo desfilar, com o sol bem quentinho, os amigos, os vizinhos se encontram e, em casa tudo feito, tudo arrumado. Ainda bem que o desfile é de tarde. Se fosse de manhã, quem é que podia ver, com tanta coisa pra fazer todos os dias. Ia ser um desfile pra nós sem que nos pudesse participar. Bonito isto. É, mas muitos anos já foi assim. Esta ilação, quase narração de situação doméstica de uma manhã de 25 de julho, em qualquer dos muitos lares dos alegres colonos de Agudo, é de todo descabida?
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CENA 2
No palanque as autoridades empertigadas. Os personagens da vida pública do Município, aquele deputado, mais outro, mais outro. Um visitante ilustre. Todos admirados com a criatividade das alegorias e da cadência e da profusão de grupos de trabalhadoras rurais. Quem são? pergunta um desavisado ao secretário que está a seu lado. São grupos organizados, reunidos em na Atra – Associação das Trabalhadoras Rurais de Agudo, soube em resposta. E estas, tão graciosas, orgulhosas, com uniforme colorido, quem são? Socorreu a secretária da outra pasta – são nossas vovós. Elas pertencem a um grupo da III Idade, e todas à Associação da III Idade, que as incentiva ao convívio e à práticas de bem estar e bem viver. Elas dançam, passeiam, vivem na vida de hoje o que não puderam fazer antes. Vão se apresentar no lonão de shows, daqui a pouco, às quatro da tarde. Olha como estão emocionadas. Muitas nunca tiveram oportunidade de desfilar na vida. Quando eram de colégio, isto não existia. Depois, só trabalho. É muito lindo e dignificante ver esta gente que tanto suor derramou para fazer o município se desenvolver, hoje desfilar como inspiração para as novas gerações, emendou o observador admirado. A mesma secretária, olhando ao longe, mostra: olhe lá vem um pelotão de vovôs que também pertencem à mesma associação. Tem gente de 60 até 95 anos. Um deles tem um programa de rádio que é um espetáculo. Chama-se Alegria na III Idade, com sotaque e tudo. É uma conquista para esta parcela da população, que cresce e quer lugar no cenário social, enfatizou.
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Pergunto: estas dignas vovós e retos e alegres vovôs se arriscam a desfilar numa manhã de cerração, ou de geada? Lembro da emoção que minha mãe sentiu (está em fotos que com carinho guardo) quando seu Grupo passeou na Avenida, lindamente iluminada pelo quente sol da tarde. A vida tem destas coisas. A que se ter sensibilidade e atentar para a realidade de uma festa que é, também do povo que fez e faz esta terra.
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A descrição de apenas duas das muitas situações que em hipótese, se pode observar, já são, em minha ótica, cabais para fundamentar ainda melhor do sentimento que tem o povo de Agudo pelo desfile do Colono e do Motorista.
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Esta gente, pelo que sentem, pelo que foram e pelo que são, eles merecem dignidade e respeito. E que o desfile de que tanto gostam, lhes seja favorável.
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Paz e Bem.
 

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