quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coluna 55 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 16FEV2011

Sou amigo de Agudo quando minhas virtudes são vertidas em benefício de seu desenvolvimento econômico, social, político e cultural.

AGUDO – 52 ANOS – Nossa terra completa hoje, 52 anos. O hino ufana o Torrão Amigo ao repetir
“Meu Agudo, minha terra, meu chão... / Na canção te venero e te digo: - Guardo fundo no meu coração... Meu torrão...meu torrão mais amigo!”
O poeta licencia a todos os que a habitam declararem ser esta terra sua melhor amiga.


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A terra é amiga de sua gente. É verdadeira a recíproca? O povo que o integra – nativo ou não, é o melhor amigo de Agudo? Eu sou amigo deste pedaço de chão que me suporta os passos, me sacia com seus frutos e me encanta com sua paisagem?

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Faço esta pergunta a mim mesmo e, como resposta, encontro sins e nãos. Sou seu amigo quando o defendo; não o sou quando o acuso de ser culpado de minhas próprias limitações e incapacidades. Sou seu amigo quando o protejo; não o sou quando quando o sujo, o poluo ou o degrado de forma irresponsável e desmedida. Sou amigo de Agudo quando minhas virtudes são vertidas em benefício de seu desenvolvimento econômico, social, político e cultural; não o sou quando me escoro na cômoda expectativa de que aos outros cabe fazer, à mim apenas aproveitar. Sou amigo do Torrão Amigo quando alimento a chama da verdadeira fé de seu povo nas premissas de Cristo Jesus – amor, justiça e fraternidade sobretudo; quando transmito a convicção de que fazendo é possível, que todos temos capacidades, que todos temos algo a dar, que todos podemos dar um passo a mais. Não sou tão fiel ao meu torrão quando faço do pessimismo e do comodismo minha bandeira, quando desonro suas instituições, quando me omito, quando acuso sem apontar o caminho.

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Fazendo este mea culpa me vejo ainda em débito com Agudo! Oportunidade e tarefas para resgatar a dívida não me faltam. Espero que Deus me dê tempo e continue a me inspirar.

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Ao chegar aos cinquenta e dois anos Agudo pode ter que lidar com a vontade de alguns de seus filhos quererem declarar-se independentes, emancipando uma parte de seu território.

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Restrito, ainda, à pequenos grupos, a alimentada emancipação da região Norte do Município virá à tona, mais dia, menos dia. Pode não dar em nada, mas que o tema ocupará a atenção, causando maior ou menor apreensão, isto é certo. Picada do Rio e Nova Boêmia travam velada disputa para formar um novo município. Escrevi um novo município, pois uma só proposta poderá ser admitida à tramitação.

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A possibilidade de novos municípios remapearem o Rio Grande do Sul novamente existe a partir da promulgação, no final do ano passado, das Leis Complementares Estaduais 13.535 e 13.587. Em Agudo poderá (ou será possível afirmar que deverá) haver nova investida por grupos que defendem a independência da região alta de Agudo. Sabe-se que ao menos um dossiê de habilitação já tramita na Assembleia Legislativa – instância inicial de tal processo – o de Picada do Rio. Sabe-se, também, estar sob exame jurídico, pois o documento remanesce à tempo anterior às citadas leis. Pode ser considerado prescrito ou validado.

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De toda sorte, será sem surpresa para muitos se um movimento de cisão territorial em Agudo ganhe corpo.

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Rechaçar tal vontade ou sequer supor que seja possível não parece ser a atitude mais inteligente. É natural que a população se organize, vislumbrando dias melhores. É da essência da sociedade livre desejar organizar-se em torno de melhorias e progressos. É evidente que na cotação de prós e contras, no enquadramento aos preceitos legais esta vontade poderá resultar em devaneio, nada mais. Mas a só existência de articulações sinaliza que nem todos consideram que o Torrão seja seu melhor amigo.

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Um bom tema para refletir ante a chama do Lume Memorial que crepita na Esplanada do Monumento neste 16 de fevereiro.

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Paz e Bem.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Coluna 54 - publicada no jornal Correio Agudense - edição de 09FEV2011

A fábrica de calçados Schmidt & Irmãos Calçados Ltda. (...) fecha as portas de sua unidade local dia 25 deste mês

1911/2011 – CEM ANOS – A data se aproxima. Em 16 de março de 1911, a pequena Osterode am Harz (Alemanha) foi solo e berço de um iluminado e predestinado homem de Deus. Naquele dia nascia Richard Rudolf Brauer. Chegado ao Brasil em 1936, pisou na Vila Agudo em 1.º de janeiro de 1937. Veio para servir a messe do Senhor como Pastor do rebanho de fé evangélica de confissão luterana de Agudo. Sua história e sua obra ainda são vivas no coração e na mente dos agudenses. Para os fiéis de sua Igreja é marca indelével – a assinatura das Certidões de Batismo, de Confirmação e de Casamento de famílias inteiras e por várias gerações. Também para os não luteranos a presença do Pastor de todos é recordada com gratidão e afeto.

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Faz-se, em Agudo, uma respeitosa citação: fosse da mística luterana atribuir santidade a pessoas, como o é para a Igreja Católica, a causa da santificação do Pastor Brauer já teria sido lançada.

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O centenário do nascimento do Pastor Brauer já é vivido de fato. O Professor William Werlang, a quem o reverendo delegou pessoalmente o registro e tutela de dados e feitos, está publicando, em sua coluna da página 6 do CA, uma série de textos sobre o homenageado. Também o professor Wilmuth Prochnow, em seu programa dominical Alegria na Terceira Idade, na Rádio Agudo, divulga mensagens do pastor, proferidas em diversas ocasiões, extraídas do acervo fonográfico inteligente e zelosamente mantido pela família, sob cuidados das filhas Regina Siegrid e Erna Ingeborg.

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As entidades que tiveram em sua existência a mão orientadora, o olhar cândido e o conselho conciliador do Pastor Brauer – sua Igreja Evangélica, o Lions Clube, a Associação Hospital Agudo e o Instituto Cultural Brasileiro Alemão de Agudo se unem para comemorar este Hundertjahrfeier com o merecimento devido. Nesta quinta-feira à noite, no Centro Cívico CL Leonel e Dm Elza Kluge, do Lions Clube, será realizada uma reunião-jantar, reunindo representantes de entidades ligadas a este fato histórico, que conhecerão a proposta de programação e homenagens que serão propostas e para as quais se deseja adesão.

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O cardápio? Bem, com a liberalidade que se pode permitir um acontecimento que reúne, sobretudo, amigos, a mesa não será da culinária germânica. O cocinero (cozinheiro) Héctor Eduardo da Cruz servirá Frango à quatro cores, prato já de há muito reclamado e aguardado.

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Naquela reunião o ICBAA fará uma revelação do tipo “nunca na história desta terra”. Por mais que se queira evitar tal ufanismo, quando o fato é real, a citação cabe. Aguardemos e poderemos surpreender-nos.

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EFEITOS DO FENÔMENO MADE IN CHINA – O efeito da inserção chinesa no mercado mundial é percebido a lo largo e chegou em Agudo. A fábrica de calçados Schmidt & Irmãos Calçados Ltda. que está em Agudo desde 2 de agosto de 1993, fecha as portas de sua unidade local dia 25 deste mês. Os sinais de desmonte vinham sendo percebidos. No inicio deste ano já havia desativado uma de suas esteiras de produção, desempregando mais de sessenta pessoas. Agora assina a rescisão na Carteira de Trabalho de mais setenta e poucos assalariados e aperta o Stop definitivo.

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Voltada exclusivamente para a exportação, a empresa deve ter tomado esta drástica decisão pela necessidade de mudar sua estratégia de ação de mercado, pois foi atingida pela avalanche invasora dos produtos chineses, mais baratos e com incrível rede de distribuição mundial.

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Não tenho segurança, mas imagino que a Vision Calçados – empresa nascida da decisão do Deloi e da Avani de investir em Agudo – possa também ser atingida pelo efeito dominó, poisa do que sei prestava serviços para a empresa de Campo Bom, que vai carregar as máquinas de Agudo. Realço que é uma conjectura que faço. Não afirmo que vá fechar; apenas que poderá ser atingida, forçando um realinhamento.

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Perde Agudo, perde quem fica desempregado, perde a economia. A Rua Arnildo Ehle ficará mais vazia, lamentavelmente.

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Paz e Bem.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Coluna 53 - Publicada no jornalCorreio Agudense - Edição de 2FEV2011

Como não ser feliz podendo escrever e ser lido, semanalmente, em uma comunidade exigente e culta?!

UM ANO já se passou e felizes estamos todos – editores, diretores, repórteres e leitores. Que graça merecida por Agudo ter novamente um jornal genuinamente seu, o Correio Agudense, que fechou o ano I de circulação na edição 52, da semana passada. O jornal tem o proposito de mostrar Agudo através de imagens – agora todas em cores – e abordagens jornalísticas e de opinião. Pelo crescimento do número de leitores refletida no aumento de assinantes, e pela repercussão do que publica, se pode medir que a empresa acertou na linha editorial.


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Testemunho os aborrecimentos que gravitaram na redação neste primeiro ano, gerados pela dificuldades de acertar a impressão, principalmente as cores, resolvida, felizmente, com a contratação de um novo parque gráfico onde é rodado o CA. Os leitores perceberam e aprovaram.

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Viabilizado tecnicamente, a empresa pode deter sua atenção na consolidação do CA como atividades empresarial que deve se autossustentar e render, mantendo-se alinhado com a verdade, a imparcialidade e a liberdade de expressão.

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Convidado para integrar o grupo que viria a opinar no jornal, senti grande responsabilidade. Nas cinquenta e duas colunas já publicadas percebi quanto tem de razão os grandes escritores ao afirmar ser escrever uma atividade com dez por cento de inspiração e noventa de transpiração. O esforço é grande para enfocar com correção e boa técnica de redação, temas que tenham alguma relevância com coerência e assumindo uma posição, também coerente e comungante com as atitudes e a reputação conquistadas pelo somar da amanheceres na vida.

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Procuro evitar o rótulo de colunista. Entendo ser esta designação privativa dos grandes escribas de opinião que calejam os dedos e o cérebro para trazer aos leitores algo notório, que acrescente saber e informação ao coletivo da sociedade. Não me posso pretender colunista nesta acepção.

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No entanto, a designação técnica de ser colunista quem escreve um artigo assinado, publicado com regularidade em meio impresso ou na internet, me caracteriza como tal. Sei que devo tomar lições de redação afim de aprender técnica de redação apropriada para então, quem sabe, poder assumir-me como colunista do CA. O que fiz até hoje com muito respeito, foram textos de opinião, citações e, às vezes, crônicas, tudo misturado. No entanto, entre a técnica e a informação, preferi a segunda, sem medo de ser feliz. E como não ser feliz podendo escrever e ser lido, semanalmente, em uma comunidade exigente e culta?! Sou feliz, muito!

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Obrigado às muitas referências pelas ideias e opiniões aqui expressas.

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Pela dádiva de estar já um ano presente na Página 2 do CA, rendo Graças a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, na forma como é reverenciada neste 2 de fevereiro:“Ò NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES, Mãe de Deus, criador do céu, da terra, dos rios, lagos e mares, protegei-me em todas as minhas viagens. Que ventos, tempestades, borrascas, raios e ressacas, não perturbem a minha embarcação e que monstro nenhum, nem incidentes imprevistos causem alteração e atraso à minha viagem, nem me desviem da rota traçada. Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é a travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que ameaçam afundar minha frágil embarcação no abismo do desânimo e do desespero. Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o medo desaparece; o ânimo e a disposição de lutar e de vencer tornam a me fortalecer. Com a vossa proteção e a bênção de vosso filho, a embarcação da minha vida há de ancorar segura e tranquila no porto da eternidade. Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós." Com esta oração convido a que nos unamos com o povo cristão de Dona Francisca, na procissão luminosa que os queridos franciscanos realizam, às 20h00 desta quarta. Será momento de inspiração e sintonia transcendente; de encontro consigo mesmo.

Imagem de N. S. dos Navegantes - Porto Alegre/RS - Autor - Ricardo André Frantz (2007) - fonte: Wikipédia
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Paz e Bem.