segunda-feira, 26 de julho de 2010

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 21JUL2010

25 DE JULHO – É mais do que um dia no calendário, muito mais. Para Agudo, Paraíso do Sul e um par de municípios o 25 de julho tem valor histórico e cultural. A mídia e o costume nos fizeram parciais e passamos a lembrar a data como sendo apenas em homenagem aos colonos e motoristas.
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Em Agudo o 25 de julho é o feriado municipal em torno do qual acontece Ein Volksfest in Agudo. A concepção esta correta. Agudo soube aproveitar a festa e desenvolveu uma opção de turismo de evento, que atrai grande público da região que visita Agudo para participar de promoções diversas que ocorrem nos oito ou dez dias de duração. É uma lucrativa fonte de renda para a quem nela empreender.
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Acusei antes que ficamos parciais atribuindo a data apenas a homenagear colonos e motoristas. De fato o dia lhes é consagrado. É Dia do Colono desde 1924, em comemoração do centenário da chegada dos primeiros imigrantes alemães, à Vila Cânhamo, hoje São Leopoldo, em 1824. Se a data comemora a chegada dos imigrantes alemães ao Brasil, então é legítimo dizer que o dia 25 de julho é o Dia da Imigração Alemã. É comemorado em Agudo pelo fato de ser aqui também uma colônia de imigração alemã, ainda que fundada em 1º de novembro. Já o motorista tem este dia em sua honra, pois o 25 de julho é devotado a São Cristóvão – o padroeiro dos motoristas e dos viajantes. Os protegidos, motoristas – que Deus os defenda sempre – tiveram este dia em alusão a seu protetor. Juntando as comemorações teremos o Dia do Colono, Dia do Motorista, Dia da Imigração Alemã no Brasil e Dia de São Cristóvão.
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A IMAGEM MOSTRA – Entendi oportuno incluir uma foto na coluna desta edição que vai circular durante a comemoração do 25 de Julho – Dia do Colono. Defini-me por publicar a foto de uma calha, das muitas – e grandes – que compunham a paisagem nas lavouras de arroz até o final dos anos 70, do século passado. As calhas – para os mais jovens é necessário que se diga, eram canais artificiais, construídos com tábuas de pinho, sustentadas por varas de eucalíptus, dispostas em desnível, para fazer a água escorrer, irrigando as lavouras, ou alimentando outros “levantes” como eram chamados os sistemas de recalque d'água para as áreas mais elevadas. Cerro Chato, minha terra natal, teve grandes calhas. Meu pai e seu irmão Armando – um mais prósperos orizicultores em seu tempo – foram sócios em empreendimento de monumentais calhas. Dá saudade do banho de valeta, aproveitando a força da água no desponte da calha para aprender a nadar.

As calhas foram substituídas por dutos superficiais (valetas) ou subterrâneos (encanamentos). Não mais seriam concebíveis pelo alto custo de construção e manutenção e, principalmente, pelo fato de que para sua construção ser necessário o emprego de madeiras nobres, sem nós e defeitos, por onde vazasse água, algo raro e caro hoje em dia. Foram, no entanto, absolutamente vitais para o desenvolvimento da orizicultura, e, por extensão, para o crescimento do setor primário de Agudo. São, então, um monumento ao trabalho e a produção.
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A PONTE – Estamos, hoje, 195 dias sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

COLUNA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 14JUL2010

VIOLÊNCIA (2) – A violência é uma realidade muito próxima de todos. Abordei o tema na semana passada, motivado por fato que ocorrera dias antes. Houve manifestações de apoio, vindas de estimadas pessoas de Linha dos Pomeranos, antigas e sólidas lideranças comunitárias, que veem seus locais de entretenimento e reunião sendo transformados em locais de tensão e disputa.
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Este deve ser o mesmo sentimento de dirigentes de todas as entidades e, também, de moradores do interior e cidade, saudosos dos tempos em que podiam ir a um baile em sua comunidade, divertir-se, colaborar com as entidades locais sem medo de briga e sem a – necessária mas desagradável – presença dos “homens de preto”. Isto foi naquele tempo...
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Mas não é somente o que pode acontecer em um evento que preocupa. Causa insegurança igual a exposição do patrimônio. Se os moradores de uma linha inteira saem para se reunir à noite, as propriedades ficam mais vulneráveis. Recentemente uma família de Rincão do Pinhal teve o dissabor de encontrar sua casa revirada, tendo sido vítima de vultuoso furto de bens, tudo por que teve a ousadia de aceitar a um convite de casamento em Paraíso do Sul. É uma barbaridade, mas é verdade! O que tudo pode acontecer mais?
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Ainda neste tema podemos constatar que também os torneios de futebol estão desaparecendo e por que? Duas vertentes são plausíveis: a primeira, constantemente aventada, é o mercenarismo de muitos atletas. Quem me paga? Quanto ganho? Só jogo se me buscam em casa e, depois, banho tomado, quero ser levado pra casa, com dinheiro no bolso! Outra linha de raciocínio que determinou o fim de torneios é a violência gratuita! Quantos torneios terminaram antes do apito do juiz? O jogo foi, em muitos casos, menos pelo esporte e mais pela disputa à qualquer preço. Houve torneios lamentáveis, que desestimularam as agremiações de promovê-los ou deles participar.
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Admito que o declínio dos torneios de futebol em Agudo tenha ainda outras causas, das quais não cuido por não ser do meio. Arbitragens incompetentes ou caras demais (quem quer botar a cara à preço por quase nada?), desestímulo, fracas lideranças, ausência do Poder Público (será que tem que haver participação pública em tudo?), desinteresse pelo surgimento de novas opções de entretenimento, precocidade da juventude que cedo sai em busca de horizonte próprio, desalojando-se da comunidade nativa. Estas são algumas das causas. Uma boa tese de sociologia, não?! Por que não se faz mais torneios de futebol?
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Ai vem a XVIII Ein Volksfest in Agudo. A grafia deste nome ainda me levará a propor uma reunião entre a autora do nome, ex-primeira dama Mariane Jaeger, com conhecedores de português e os que dominam a gramática do alemão. Será necessário encontrar uma saída para a situação que fere o ouvido e atenta as regras de gramática, pois o artigo indefinido feminino alemão “Ein”, não concorda com o artigo definido “a” do português, que lhe segue, na citação em português. Em tradução literal fica meio esquisito dizer: “Ai vem a (artigo definido feminino, em referência a festa) XVII uma (artigo indefinido feminino “Ein”, incluído na denominação) festa popular em Agudo!” Tem-se encontrado a saída acrescentando a expressão edição (consta, inclusive, no folder deste ano). É uma questão a ser resolvida; de relativa relevância, mas é uma questão, como diria Rui Carlos Ostermann.
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A programação da Volksfest deste ano está boa. Aos poucos são vencidas as resistências de que a programação deva privilegiar somente a Expovolks. A frase – tem que botar público na frente dos estandes” ouvida à exaustão ao longo dos anos, não deixa de ser verdadeira. Sem Expovolks a Volksfest perde seu apelo de massa, sem dúvida. No entanto, me arrisco a afirmar que sem Volksfest sequer haveria a Expovolks. A relação dos dois acontecimentos pode ser concebida como a relação da criação com sua criatura.
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Observando a programação percebe-se que foram inscritos eventos diferentes dos que rezam a fórmula: povo + produto + preço = lucro. Lamento que ainda não tenha sido possível mudar o horário do desfile das 10h0 para as 14h00. Normalmente é a hora mais aquecida do dia de inverno, daria mais colorido e alegria ao desfile e permitiria elaborar melhor as alegorias. Mas... por enquanto, nem se fale no assunto. Um dia isto muda, com certeza!
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A PONTE – Estamos, hoje, 188 dias sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

COLUNA PUBICADA NO JORNAL CORREIO AGUDENSE - EDIÇÃO DE 07JUL2010

VIOLÊNCIA – A violência é uma realidade muito próxima de todos. Sem muito pestanejar listamos uma porção de situações que denunciam violência e que ocorrem bem perto de nós. Quais fatores concorrem para o acirramento do comportamento violento? Quais mecanismos devem ser empregados para seu combate? Como podem as pessoas se defender? Seremos, todos, um dia vítimas? De qual tipo de violência? Seremos agredidos, assaltados? Haverá assassinato em nosso círculo de relações ou nós mesmos teremos nossa vida interompida por um tiro? Teremos nossos bens furtados? Algum familiar nosso será vitimado? Como saber? Se em tempos passados ficávamos sabendo de relatos de violência pela imprensa; se as barbaridades aconteciam apenas nas grandes cidades, hoje a realidade é outra; forçando-nos a uma mínima precaução pessoal, familiar e patrimonial.
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A situação é de tal forma acentuada que já nem mais nos chama a atenção. Os relatos são de uma naturalidade que espanta. Na segunda-feira soube ter ocorrido briga generalizada em um baile da Escola Municipal Santo Antônio, ao ponto de encerrar a festa duas horas antes do previsto e sob reforço policial.
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Peço permissão, estimados membros da comunidade escolar santoantoniana, para tomar este lamentável episódio como exemplo para desenvolver um raciocínio que de há muito me ocupa a mente. Trata-se da constatação de que nossas entidades estão tendo seus eventos inviabilizados, quer pela ocorrência de atos violentos – como o que aconteceu – ou pelo custo que tem uma entidade para tentar proteger seu patrimônio e os frequentadores.
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O empresário e músico Gelson Pasa, da Banda Novo Rumo, certa vez fez levantamento de quantos locais de realização de baile restam em Agudo. Afirmou, citando as entidades, pavilhões e salões que ainda os programam, serem estes apenas um quarto dos que haviam 15 anos atrás. Espantado com a constatação perguntei porque tantas entidades fecharam as portas ou, pelo menos, deixaram de programar eventos deste gênero. Respondeu-me que os promotores – donos de salão ou dirigentes de entidades – passaram a ter um custo adicional de contratação de segurança de tal monta que não mais valeu a pena correr riscos. Sem alternativa, cerraram as portas.
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O raciocínio é correto: dada a ameaça de violência, aumenta-se o custo com a contratação de um batalhão de seguranças e, pela mesma ameaça muitas pessoas que outrora varriam salões todos os finais de semana, passaram a evitá-los. Com menos gente, menos ou nenhum lucro – é melhor parar.
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Nos anos noventa a Comunidade São Bonifácio – da qual era presidente à época – viveu uma experiência que já então deu-nos sinais de que apenas boa intensão não mais é suficiente. Na véspera da festa do padroeiro, em uma sexta-feira fria de junho, realizou-se um programa de auditório da dupla Guedes e Leninho (lembram?) e, após, a Banda Meteoro animou a dança. Tudo muito bom na concepção – ora, o que de mal poderia ocorrer em um evento de igreja, no centro da cidade? Pois aconteceu. Perto da meia noite, por causas nunca sabidas fechou o tempo e quebrou o pau geral. O Centro Comunitário virou uma praça de combate; via-se garrafas e cadeiras voando para todos os lados e o sangue riscando o chão. E nós, armados apenas de boa vontade, incrédulos assistíamos a tudo. A peleja terminou quando a Rosa foi ao microfone e... bem, voz de mulher todo mundo escuta, não?! Terminou o barraco.
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Como saldo disto tudo, resultou que o Pavilhão São Bonifácio ficou estigmatizado para bailes. Eu gostaria de admitir que lá não mais se fazem bailes por falta de estrutura acústica, por causa da perturbação ao sossego, dado sua localização demasiado central, ou vedação por inadequação qualquer... mas não por ser perigoso demais. Estou exagerando? Lembram do que ocorreu recentemente quando a Escola Willy Roos realizou um Festival de Bandas? Uma briga campal de frequentadores, na Avenida Concórdia, deu como saldo a porta de vidro de acesso ao Fórum quebrada e muitos danos. E, no mês passado, até um policial foi agredido em festa junina que ali se realizou. Está perigoso ou não?! E o perigo é a comunidade ou quem frequenta?
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Terminou o espaço, não o assunto. Volto a ele.
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A PONTE – Estamos, hoje, 181 dias sem a ponte na RSC-287.
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Paz e Bem.