quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Coluna 127 - publicada no Jornal Correio Agudense - Edição de 25JUL2012


O Dia do Colono foi instituído pela Lei Federal 5496, de 5 de setembro de 1968
 
 
 
25 de julho – Esta edição o Correio Agudense é para ser colecionada, distribuída nas escolas, mostrada nas bibliotecas, se entreverou em pesquisas, fez ilustrativas fotos e recolheu interessantes depoimentos. Tudo isto para apresentar aos leitores o vigor do 25 de julho em Agudo. Embarcado na mesma carroça, escrevo sobre o Dia da Imigração Alemã no Brasil, Dia do Colono e Dia do Motorista.
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Quando criança, em cada 25 de julho era mandado por minha mãe ao Monumento ao Imigrante rezar um Pai Nosso em homenagem àqueles, pois era o Dia do Colono. Bem mandado, bem obedecido. Durante a adolescência penso não ter cumprido este ritual, pois piá não paga mico fazendo coisa de velho. Na década de oitenta, para a Rádio Agudo, acompanhei as preces e cânticos dirigidas pelo Pastor Brauer e assistidas por algumas pessoas da cidade – amigos do pastor, membros da Legião Evangélica e daquela comunidade e pelo Hoffnungsvoller Singekreis e por moradores de Cerro Chato. Fundado o Icbaa, passou a ser dessa entidade a tarefa de organizar este ato cívico-religioso que tem, desde 2007, a simbologia do Lume Memorial, para inspirar o patriotismo com honra e oração, a prática do bem e da justiça e a promoção da paz, do amor e da fraternidade – herança dos antepassados e valores pétreos para a humanidade!
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Por que 25 de julho é Dia da Imigração Alemã no Brasil? Pois naquele dia, em 1824, foram instalados na Feitoria Real de Linho Cânhamo, Nova Friburgo, atual São Leopoldo, os primeiros imigrantes vindos da Alemanha para colonizar o Rio Grande do Sul, atraídos em projeto de desenvolvimento do país lançado por D. João VI, seguido por D. Pedro I e D. Pedro II. Chegaram ao Brasil em 18 de julho, mas a data oficial é 25, pois foi naquele dia que fixaram morada nos lotes que lhes haviam sido destinados.
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Por que 25 de julho é Dia do Colono? Duas são as vertentes d’onde se pode exprimir o porquê desta acepção. A primeira, argumentada pelo jornalista Romar Beling em sua coluna desta edição, defende ser Dia do Colono em reconhecimento aos colonizadores. Por este raciocínio o dia seria de memória de quem colonizou independente da profissão ou atividade – rural ou urbana, ou etnia – alemã, italiana ou polonesa. Quem colonizou é colono. A segunda vertente é de foro formal. O Dia do Colono foi instituído pela Lei Federal 5496, de 5 de setembro de 1968, por iniciativa do Deputado gaúcho Norberto Schmidt (Projeto de Lei 2180/64), que pretendeu homenagear todos aqueles que trabalhavam a terra (pelo menos 30% da população brasileira àquela época). Escolheu o dia 25 de julho pela razão de ter sido a data reconhecida pela instalação dos primeiros imigrantes alemães, que vieram para o Rio Grande do Sul, inaugurando o processo de colonização.
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E a expressão colono d’onde vem? Etimologicamente, com raiz no latim, significa aquele que veio de outro país, ou de fora. Pois no período pré-capitalista o Brasil precisava de braços fortes para trabalhar nos cafezais, onde a mão de obra escrava não dera resultado. A solução foi encontrada em um novo modelo de relação de trabalho. Homens livres vieram substituir os cativos e os nativos. Estes, em troca de seu trabalho recebiam permissão para plantar para seu proveito frações das terras dos fazendeiros onde eram empregados. Eram colonos. Como a realidade dos imigrantes era muito próxima daquela tipificada – eram livres, vinham do estrangeiro e recebiam frações de terras – passaram a ser, também chamados colonos.
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E o Dia do Motorista veio literalmente na carona da data, pois 25 de Julho é Dia de São Cristóvão – aquele que carrega o Cristo, no calendário da Igreja Católica. Foi eleito como protetor de quem dirige.
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Ainda consta ser 25 de julho o Dia do Escritor, em homenagem ao I Festival do Escritor Brasileiro, de 1960.
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O que está consagrado, consagrado está; não muda. Embora as contradições que se percebe, o dia 25 de julho é muito rico de razões e motivos para comemorar.
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Li, ouvi ou vi...
Vi o sucesso dos primeiros eventos da XIX edição de Ein Volksfest in Agudo.
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Paz e Bem!

Coluna 126 - publicada no jornal Correio Agudense - Edição de 18JUL2012


Estamos perdendo tempo olhando a germanidade de nossa terra no retrovisor, balizando-nos apenas no resgate das manifestações culturais

Icbaa – A abordagem da expressão cultural de um povo adquire a amplitude que se lhe quiser dar. Se à primeira leitura a citação parece óbvia, explico a razão de abrir a coluna desta semana com esta, então, obviedade. Quem tem por função ou eventual encargo arregimentar aspectos da cultura do lugar onde vive, assume o compromisso de dar visão, realce, promoção e importância àquilo que lhe é atribuição. Um bom contador, um bom médico, um pintor que faz mais bonitas as superfícies que pinta, um comerciante que vende bem e o melhor produto, um professor zeloso, todos estes se esmeram para aperfeiçoar sua perícia e dá-la a conhecer ao público, à quem desejam e querem servir. Não é assim?! Nesta mesma interpretação se alinha a necessidade de quem dirige uma entidade: promover da melhor forma que as circunstâncias lhe permitirem, as ações que esta tem como missão. Esta é a razão de eu dedicar mais uma coluna para promover a programação do Icbaa nesta edição de Ein Volksfest in Agudo.
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Segunda-feira próxima, dia 23, a entidade torce por casa cheia para acompanhar a palestra-debate de dois jornalistas de destaque, ambos com raiz aqui em Agudo – Colônia Santo Ângelo: Silvio Aloysio Rockenbach, filho de agudense, e Romar Rudolfo Beling, este agudense de sangue e chão. Estes dois estudiosos da cultura alemã abordarão aspectos que adquirem importância na medida em que se olhar para o mundo de hoje, onde Brasil e Alemanha lideram processos de crescimento, de desenvolvimento, de estabilidade e onde se debate bem a sustentabilidade.
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Imigração Alemã – do Estigma à Auto-Estima. Este é o argumento em torno do qual se dará a troca de ideias entre os dois estudiosos homens das letras. Quem assistir perceberá que estamos perdendo tempo olhando a germanidade de nossa terra no retrovisor, balizando-nos apenas no resgate das manifestações culturais – algumas até já desusadas no país d’onde vieram, embaladas na bagagem e na mente dos imigrantes. Devemos despertar para as possibilidades que se abrem à comunidade de tão consistente (quase hegemônica) presença de traços de ser e agir herdados da formação do povo alemão, de quem se afirma a capacidade de trabalho, de organização, de empreender e a quem se conceitua como estoico, regrado e outros muitos atributos valorativos. Os laços que foram atados no passado têm tentos fortes e podem ainda hoje valer para irmanar ações presentes. Os agudenses e todos os que descendem da Colônia Santo Ângelo de Imigração Alemã têm um vínculo que se amarra no umbigo, onde remanescem células tronco capazes de multiplicar exponencialmente o grande salto de crescimento que esta terra teve na segunda metade do século XIX, quando os imigrantes aqui foram instalados. Basta acordar, abrir os olhos e ver.
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O Icbaa percebe que dentre as muitas facetas de sua atuação está também o papel promover o presente e ser instrumento de visão futura para que o povo da região perceba que sua história é a história de quem foi e é vitorioso, e que ela merece ser preservada, por muito mais razões do que apenas poder mostrar aos netos como os avós aravam a terra; que bíblia liam; quais utensílios usavam. A história ganha importância quando se vê importância no presente e se vislumbra valor no futuro. Só se vê com atenção o que desperta significado. É isto que o Icbaa quer trazer para a comunidade agudense, ao motivar que Silvio Aloysio Rockenbach e Romar Rudolfo Beling, estejam em Agudo nesta segunda-feira, dia 23, às 20h00, no Auditório João Gerdau.
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Mesmo não havendo cobrança de ingresso, ao final da palestra será motivada uma coleta espontânea, para reforçar o caixa da entidade.
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Li, ouvi ou vi...
Ouvi manifestações de incredulidade e espanto sobre o hediondo crime cometido na semana passada na Vila Caiçara, vitimando Valdemar Kelling. Também ouvi de alguém que atua na Segurança Pública em Agudo que a ocorrência de um crime em Agudo era previsível, sendo apenas uma questão de tempo. Por sua experiência identificava, em muitos redutos urbanos (e também rurais) componentes que acendem o estopim da violência. Em Agudo se vive uma doença social grave, que precisa ser tratada para não gangrenar tecidos ou virar epidemia. Preservada está a fonte, embora não goste desta não menção. Glup (engoli em seco)
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Cultura – é o que resta quando o resto já nos foi tirado – já se disse. Portanto, estejamos atentos ao que é rico para nossa gente! Paz e Bem!